“Por aquilo que os trabalhadores analisaram dos carros que saíram – saíram cerca de 90 carros nos dois lados [recolhas de Francos e Via Norte] em cerca de 400 – dá uma adesão de à volta de 75%”, disse à Lusa José Manuel Silva, coordenador do STRUN, afirmando que o número “está dentro dos parâmetros” das greves anteriores.

Contactada pela Lusa, a empresa “não comenta quais os valores de adesão à greve nem responde a essa intenção do sindicato grevista de intentar uma ‘guerra de números’, lamentando sinceramente as perturbações havidas na sua oferta, com impactos severos junto dos seus passageiros e utentes”.

O dirigente sindical acusou a Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) de usar “uma manobra”, já que na comunicação externa, para os utentes, a STCP “colocou os serviços mínimos que eram do CES [Conselho Económico e Social]”.

Porém, “aos trabalhadores, por ‘email’, enviou os serviços mínimos do CES mais os serviços mínimos de duas horas de greve que estão a decorrer por tempo indeterminado”.

“O CES é bem claro em dizer que em todo o período de greve os serviços mínimos não podem acumular com os outros”, disse José Manuel Silva à Lusa.

Por este motivo, o STRUN está a analisar a possibilidade de “levantar um processo-crime à administração da empresa, porque não acatou os serviços mínimos que o CES colocou cá fora”.

O sindicalista acusou ainda a STCP de ameaçar “os trabalhadores com processos disciplinares”.

A empresa refere que como “existem atualmente, decretadas pelo STRUN, duas greves em curso na STCP”, (uma desde novembro de 2023 e outra a de 50 horas iniciada hoje), a STCP efetuou convocatórias de serviços mínimos para cada uma delas.

“Os serviços mínimos decretados são para cumprir, sob pena de se incorrer em crime de desobediência qualificada”, refere a empresa, que caso o processo do STRUN avance “defenderá a sua posição em tribunal”, e “está e estará sempre na posição de defender o cumprimento das suas Obrigações de Serviço Público”.

A empresa diz ainda respeitar “as decisões do Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social e os seus decretos de definição de Serviços Mínimos”, e afirma instaurar processos disciplinares “sempre que se depara com infrações de caráter disciplinar”.

“Não existem na STCP processos disciplinares por decreto, mas existem sim sempre que ocorram e são detetadas infrações disciplinares”, refere.

Após a atual greve de 50 horas, na quarta-feira começará uma nova greve às primeiras cinco horas de serviço dos motoristas, durante dois meses.

Na sexta-feira, os sindicatos chegaram a acordo com a administração acusaram o STRUN, que ficou fora do entendimento, de faltar à verdade, defendendo que as reivindicações apresentadas refletem “ações político-partidárias”, o que aquele sindicato rejeita.

Em causa estão o Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), Associação Sindical Trabalhadores Transportes Coletivos Do Porto (SMTP) e Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP).

O coordenador do STRUN, José Manuel Silva, estranha o momento escolhido para este comunicado e rejeita que haja motivações político-partidárias.

“Independentemente do que as pessoas possam pensar, não há aqui partido nenhum que mande no STRUN. A direção do STRUN faz aquilo que os trabalhadores decidem, dá voz aos trabalhadores e não anda a negociar, por trás, sem os trabalhadores saberem”, declarou.

O STRUN, representante de cerca de 14% dos trabalhadores da STCP, foi o único dos cinco sindicatos que não assinou nenhum acordo em 2024.