Rui Rocha deixou estes “três desafios” em declarações aos jornalistas, no parlamento, enquanto, na reunião da comissão de inquérito à tutela política da TAP, ainda decorria a audição à presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener.
O líder da Iniciativa Liberal argumentou que, com a informação já obtida nesta comissão, concluiu que “há um conjunto de factos muito relevantes e com gravidade” que justificam estas tomadas de posição do partido.
Rui Rocha referiu-se a uma reunião, mantida em 17 de janeiro, na véspera de Christine Ourmières-Widener ir ao parlamento prestar esclarecimentos sobre a demissão da ex-administradora Alexandra Reis, em que terão estado presentes deputados do PS e assessores e chefes de gabinete de membros do Governo.
Uma reunião que, de acordo com a CEO, terá partido da iniciativa do gabinete do Ministro das Infraestruturas, que na altura já era João Galamba.
Rui Rocha considerou que esta situação configura uma “insuportável e inaceitável” violação do princípio de separação de poderes e defendeu a demissão do ministro das Infraestruturas.
O líder da IL desafiou ainda o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, e o primeiro-ministro, António Costa, a pronunciarem-se no sentido de esclarecer a situação, considerando que “uma reunião desta natureza, a ter acontecido, era para condicionar os esclarecimentos” que a CEO da TAP daria no dia seguinte ao parlamento.
Rui Rocha sublinhou que a presidente executiva da TAP mencionou pressões políticas “muito fortes que a impediam de se concentrar na gestão da companhia”: "Não estava à espera de tão alta pressão política quando entrei na companhia”, foi a expressão usada pela CEO da TAP, momentos antes, na reunião.
Para fundamentar a acusação de que a TAP era usada pelo Governo com fins políticos, Rui Rocha referiu ainda outro momento da comissão que decorre, em que a CEO da TAP não negou ter chegado à empresa um e-mail do ex-secretário de Estado das Infraestruturas Hugo Mendes, a pedir para adiar um voo de Moçambique, que tinha como passageiro o Presidente da República, que, alegadamente, precisava de ficar mais dois dias em Maputo.
Rui Rocha ressalvou que não estava a afirmar que haveria ou não participação do Presidente da República nesta questão, tão só que partiu do Governo um pedido para que fosse alterado o momento da partida de um avião da TAP “para agradar ao Presidente da República com a fundamentação de que é um aliado”.
Na reunião, Ourmières-Widener disse que fez questão de verificar se se tratava realmente de um pedido da Presidência e que constatou que Marcelo Rebelo de Sousa “nunca pediria” uma alteração de voo que “teria impacto no resto dos passageiros”.
Christine Ourmières-Widener é a terceira personalidade, de uma lista de cerca de 60, a ser ouvida pela comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, constituída por iniciativa do Bloco de Esquerda.
A ainda presidente executiva da TAP contestou o despedimento e acusou o Governo de ter tido “pressa política” para a demitir, segundo a contestação da defesa, citada pela TVI/CNN.
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