Em declarações à Lusa, José António, da Elite Táxi Association Madrid, adiantou que, juntamente com quatro colegas, veio ter com os companheiros de Lisboa para “ajudar contra estas plataformas que o Governo quer implementar”.
“Sou taxista em Madrid e a nossa luta é praticamente a mesma, creio que sim”, explicou José António.
José António lembrou que em Espanha “existem licenças de táxi que são concedidas pela administração e depois chegam as plataformas, que nem sequer são empresas, que levam o seu dinheiro para paraísos fiscais e querem trabalhar como táxis”.
“Isto não pode ser”, acusou, afirmando que “todas as profissões têm de estar reguladas”, pelo que não pode ser só o setor do táxi “a ter preços e regras e um particular com o seu automóvel fazer de taxista”.
Em relação ao protesto, o grupo de taxistas espanhóis avançou que irá permanecer por Lisboa, ficando com os seus companheiros portugueses enquanto estes estiverem em luta.
Os taxistas espanhóis pararam durante uma semana nas principais cidades, um marco histórico para os profissionais, que estacionaram nas artérias principais de Madrid, Barcelona, Saragoça, de forma a pressionar o Governo a fazer uma mudança na legislação que blinde por lei o rácio de uma licença usada pelas plataformas de transporte como a Uber e a Cabify para 30 de táxi.
Se as promessas dos governantes espanhóis não forem cumpridas, voltam à greve.
Os taxistas manifestam-se hoje em Lisboa, Porto e Faro contra a entrada em vigor, em 01 de novembro, da lei que regula as quatro plataformas eletrónicas de transporte com veículos descaracterizados que operam em Portugal – Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé.
Desde 2015, este é o quarto grande protesto contra as plataformas que agregam motoristas em carros descaracterizados, cuja regulamentação foi aprovada, depois de muita discussão, no parlamento, em 12 de julho, com os votos a favor do PS, do PSD e do PAN, os votos contra do BE, do PCP e do PEV, e a abstenção do CDS-PP.
A legislação foi promulgada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, em 31 de julho.
Os representantes do setor do táxi enviaram à Assembleia da República um pedido para serem hoje recebidos pelos deputados, a quem estão esta tarde a pedir que seja iniciado o procedimento de fiscalização sucessiva da constitucionalidade do diploma e que, até à pronúncia do Tribunal Constitucional, se suspendam os efeitos deste, “por forma a garantir a paz pública”.
Um dos principais ‘cavalos de batalha’ dos taxistas é o facto de na nova regulamentação as plataformas não estarem sujeitas a um regime de contingentes, ou seja, a existência de um número máximo de carros por município ou região, como acontece com os táxis.
Desta vez, os táxis mantêm-se parados nas ruas e não realizam uma marcha lenta. Ao início de tarde, perto de 1.500 carros estavam concentrados nas três cidades, segundo a organização: perto de 1.000 em Lisboa, cerca de 200 em Faro e 280 no Porto.
A dois dias da manifestação, o Governo enviou para as associações do táxi dois projetos que materializam alterações à regulamentação do setor do táxi, algo que os taxistas consideraram "muito poucochinho", defendendo que o objetivo do Governo foi “desviar as atenções” da concentração nacional de hoje.
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