Em comunicado, a Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica diz que, na área dos técnicos de emergência pré-hospitalar, há bibliografia de 2001 e de anos seguintes e que muita “já sofreu as devidas alterações, dada a evolução da investigação com base ma evidência científica”.

“Alterações devidamente validadas cientificamente e já em prática em diversos países”, acrescenta a associação, sublinhando que esta situação “resulta na falta efetiva e inquestionável de conhecimentos técnicos e científicos, ou de interesse por parte do INEM em dotar das devidas atualizações os provedores dos serviços médicos de emergência”.

Contactado pela Lusa, o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, corrobora as críticas, afirmando: “efetivamente há uma lacuna que o INEM travessa ao nível da formação em emergência médica”.

Para o responsável, esta situação explica-se, por um lado, “pela ausência de conselho científico dentro do INEM que acompanhe as últimas evidências no que à prática de emergência medica diz respeito” e, por outro, “pela ausência de professores” na instituição.

“A formação em emergência medica em Portugal hoje baseia-se em profissionais de emergência médica que detêm o curso de competências pedagógicas do Instituto de Emprego e Formação Profissional, completamente longe das exigências atuais”, sublinhou.

Rui Lázaro explicou que o sindicato já defendeu junto da anterior equipa governativa que o curso de emergência médica fosse entregue “a entidades que disponham de conselho científico e de professores e que sejam instituições de ensino superior”.

“Os formadores são colegas que têm o curso de competências do IEFP, quando o nível de exigência e de cuidados hoje prestados requeria que, para além de um conselho científico, tivesse professores que se dedicam exclusivamente a área da educação”, disse.

Sobre a formação dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH), o dirigente do STEPH aponta outras “constrangimentos”: “A formação TEPH não inclui ensaios clínicos em contexto hospitalar”.

“É manifestamente redutor que o técnico de emergência pré-hospitalar hoje, com competências acrescidas em cuidados de saúde invasivos, disponha apenas, antes de começar a exercer, de prática no contexto de ambulância-escola, sujeito ao tipo de ocorrências que lhe calharem enquanto estiver a estagiar”, explicou.

E acrescentou: “Se fosse realizado num hospital, como já sugerimos ao Ministério da Saúde, já tinha uma panóplia de casos em que podia praticar os cuidados que vai depois realizar nas ambulâncias”.

Rui Lázaro diz que o sindicato apresentou estas sugestões à anterior equipa da saúde. “O INEM já teve, por exemplo, enfermeiros a estagiar durante mais de um mês, em contexto hospitalar, em serviço de urgência e em sala de emergência. Os protocolos já existem com os hospitais, é só uma questão de colocar lá os técnicos a fazer o estágio, o que o INEM se tem recusado fazer”.

O responsável lembra ainda que “o INEM dá a mesma formação aos parceiros da Cruz Vermelha desde o século passado. Está completamente desatualizada”.

Dos 900 técnicos de emergência pré-hospitalar do INEM, metade não tem a formação concluída. A estes juntaram-se no início deste ano mais 59, que já começaram a formação.

A Lusa pediu uma posição ao INEM sobre estas críticas, mas até ao momento não recebeu resposta.

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