A vigilância contra a cólera e malária está nas prioridades.
“A doença que mais nos preocupa é a cólera: uma vez detetado um caso, facilmente pode alastrar”, referiu Cláudio Julaia, especialista de emergência do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A doença transmite-se através da água e de alimentos contaminados.
Quanto à malária, transmite-se através de uma picada de mosquito.
“Como tivemos uma grande superfície alagada, à medida que as águas vão baixando, as larvas vão eclodindo e podemos ter maior incidência de malária”, acrescentou.
Para os próximos dias está prevista a chegada à cidade da Beira de um avião das Nações Unidas “com 53 toneladas de material adicional para assistência”, onde se incluem tendas-hospital e material de saúde,
Estas unidades de saúde especiais vão ser instaladas nos campos de abrigo temporário que vão nascer na cidade da Beira e noutros pontos da região.
É para esses campos que vão ser conduzidos as 65.000 pessoas - número com tendência para crescer - que estão a ser assistidas com alimentação e água no centro de trânsito, criados em escolas.
Os campos devem funcionar por dois a três meses, pelo menos, com outros serviços como tendas-escola.
As tendas-hospital devem ser instaladas “o mais rapidamente possível” para tornar expedita a assistência médica.
“Até lá, vamos ter, pelo menos, brigadas móveis no terreno” num trabalho articulado com os serviços públicos de saúde de Moçambique, sublinhou Cláudio Julaia.
A Unicef está também a prever que haja muitas crianças “em situação de desnutrição severa”.
“Como ficaram muito empo sem assistência, de certeza que a sua condição de saúde pode requer maior atenção”, pelo que, além dos materiais médicos normais, estão a ser canalizados para o centro de Moçambique ‘kits’ de apoio nutricional.
O balanço provisório da passagem do ciclone Idai é de 557 mortos, dos quais 242 em Moçambique, 259 no Zimbabué e 56 no Maláui.
O ciclone afetou pelo menos 2,8 milhões de pessoas nos três países africanos e a área submersa em Moçambique é de cerca de 1.300 quilómetros quadrados, segundo estimativas de organizações internacionais.
A cidade da Beira, no centro litoral de Moçambique, foi uma das mais afetadas pelo ciclone, na noite de 14 de março, e a ONU alertou que 400.000 pessoas desalojadas necessitam de ajuda urgente, avaliada em mais de 40 milhões de dólares (mais de 35 milhões de euros).
Mais de uma semana depois da tempestade, milhares de pessoas continuam à espera de socorro em áreas atingidas por ventos superiores a 170 quilómetros por hora, chuvas fortes e cheias, que deixaram um rasto de destruição em cidades, aldeias e campos agrícolas.
As organizações envolvidas nas operações de socorro e assistência humanitária têm alertado para o perigo do surto de doenças contagiosas.
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