“Todo o serviço de passageiros [da Transtejo] esteve parado nas cinco estações” durante a manhã, disse Carlos Costa, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Fluviais, à Lusa, explicando que só saiu “um navio às 05:20” decretado pelos serviços mínimos pelo Tribunal Arbitral do CES — Conselho Económico e Social.

Segundo o dirigente, o navio “foi a Lisboa e voltou vazio a Cacilhas, como estava previsto”.

Os trabalhadores da Transtejo e da Soflusa iniciaram hoje e até segunda-feira uma greve pela valorização salarial e contratação de funcionários.

Os trabalhadores da Transtejo param hoje e domingo, pela reposição do poder de compra e valorização dos salários, enquanto os da Soflusa param no domingo e na segunda-feira.

Na sua página da internet, a Transtejo alerta para a interrupção de serviço das carreiras, no sábado e domingo, por motivo de realização de greves, salientando não ser possível garantir o serviço regular de transporte fluvial.

A empresa prevê a interrupção do serviço, regular durante os seguintes períodos, entre Cacilhas e Cais do Sodré das 23:30 de 10 de junho até às 00:40 de 13 de junho, havendo somente a 11 e 12 de junho a ligação das 05:20, de serviço mínimo.

No sentido contrário, Cais do Sodré — Cacilhas o ultimo barco saiu às 23:45 de dia 10 de junho, prolongando-se até 13 de junho às 01:00, horário do primeiro barco.

Segundo a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), esta é a resposta dos trabalhadores à proposta da administração, sob orientações do Governo, de 0,9% de aumentos salariais quando se verifica um aumento do custo de vida e quando a inflação homóloga se situou nos 7,2% em abril.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) terá aumentado para 8,0% em maio, face aos 7,2% de abril, o valor mais alto desde fevereiro de 1993.

A Transtejo e a Soflusa têm a mesma administração e ambas asseguram as ligações fluviais entre a margem sul e Lisboa, sendo a Transtejo responsável pela ligação do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, a Lisboa, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro, também no distrito de Setúbal, e o Terreiro do Paço, em Lisboa.

Além da questão salarial, os trabalhadores da Soflusa exigem também a contratação de trabalhadores.

Segundo Carlos Costa, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Fluviais, a empresa precisa de mais 13 maquinistas.

“A Soflusa precisa de 13 maquinistas para completar as 34 tripulações que tem, porque só tem 11 maquinistas neste momento”, explicou.

Segundo o sindicalista, uma tripulação é composta por um maquinista, um mestre e dois marinheiros.

Carlos Costa revelou ainda à Lusa que, desde fevereiro e até agora, os constrangimentos por falta de trabalhadores já levaram “à supressão de 900 carreiras, numa média de 20 por dia”.