“Ultrapassou os limites do razoável e, neste momento, decidimos avançar com o pré-aviso de greve. Esta greve vai até à meia-noite do dia 31 de dezembro e é aplicada nos dias em que há produção extraordinária, que é o caso dos sábados, porque essas horas são cortadas nas bolsas de horas”, explicou à agência Lusa o responsável sindical do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Norte (SITE-Centro Norte).
Segundo Telmo Reis, a direção da empresa “queria que os trabalhadores fizessem, numa semana de cinco dias, quatro com 10 horas de trabalho”, o que o sindicato considerou ser “um absurdo, já que em cinco dias vão ser feitas 48 horas”.
“Garantir a manutenção dos dois dias de descanso consecutivo, garantir a não realização de mais de oito horas diárias de trabalho e o fim da perseguição, chantagem, pressão e repressão, são os principais objetivos desta greve”, afirmou Telmo Reis.
O delegado sindical disse que a greve pretende “acabar com a bolsa de horas” e “este pré-aviso de greve é para chamar a atenção para negociar”, uma vez que o sindicato “ainda não conseguiu entrar diretamente em diálogo com a direção” da empresa, sedeada em Mangualde.
“Eles recusam-se, e estão no seu direito, ao término da bolsa de horas em 2020 e nós já alertámos diversas vezes que os trabalhadores começam a ficar saturados, frustrados e, neste momento, o grande absentismo é relativo a doenças profissionais e psicológicas, porque acaba por se tornar stressante o dia a dia e a pressão que exercem para a realização da produção”, apontou Telmo Reis.
No comunicado enviado à administração da PSA/Peugeot/Citroën – Mangualde, ao Ministério do Trabalho e Solidariedade e Segurança Social e à comunicação social, o sindicato avisa que a direção da empresa “continua a impor calendários de bolsa de horas sem ter em conta os alertas feitos pelos trabalhadores, nomeadamente ao nível do desgaste físico e psicológico”.
“Continuam a exercer pressão e repressão, inclusive disciplinar, sobre os trabalhadores, para os forçar a realizar trabalho aos sábados, domingos, em dia de feriado e em dias normais de trabalho (por prolongamento ou acréscimo) para a referida bolsa de horas”, escreve o sindicato.
No documento, o SITE-Centro Norte diz que a direção da empresa automóvel “marcou horas de produção ao abrigo da bolsa de horas para os dias dos meses de verão, sobrecarregando os trabalhadores com 10 horas de trabalho diário”.
Uma atitude que o sindicato considera que “põe em causa os direitos dos trabalhadores, a manutenção dos dois dias consecutivos de descanso (sábado e domingo) e o efetivo gozo dos dias de feriado, bem como irá criar um desgaste diário, ao nível físico e psicológico”.
Cada turno na PSA/Peugeot/Citroën em Mangualde tem, em média, cerca de 300 trabalhadores e a primeira greve está marcada para sábado, dia 13, a partir das zero horas e termina no último dia do ano, 31 de dezembro.
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