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Nos EUA, estudos recentes revelam que os homens estão a voltar ao escritório em maior número do que as mulheres, o que pode reduzir oportunidades de promoção e desenvolvimento profissional para quem permanece em regime remoto. Durante a pandemia, o teletrabalho permitiu que muitas mulheres equilibrassem melhor vida profissional e pessoal, mas o retorno ao escritório traz desafios como perda de flexibilidade e o aumento de responsabilidades.
Em Portugal, empresas como o IDEA Spaces e a Zühlke mostram que existem várias formas de trabalhar com um mesmo objetivo: equipas mais felizes e resultados mais sólidos, mantendo a autonomia e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
A aposta do IDEA Spaces
No IDEA Spaces, a flexibilidade faz parte da cultura. Depois de uma reestruturação no final de 2023, a empresa definiu como propósito “promover a felicidade no trabalho” e introduziu medidas que vão além da liberdade de horários. É o primeiro espaço de cowork em Portugal a integrar a lista da Great Place to Work.
Entre as iniciativas está a “Zero Friday”, que dá a cada colaborador duas sextas-feiras livres por mês, de forma rotativa, além de pagamento integral em caso de baixa, 25 dias de férias, liberdade na metodologia de trabalho e o programa Be OK, com consultas de psicologia e apoio a pessoas com endometriose.
“Queremos que estas medidas inspirem outras organizações a adaptarem as suas culturas e aumentarem o impacto positivo nas equipas”, afirma Diogo Fabiana, CEO do Idea Spaces.
O modelo baseia-se na confiança: o horário oficial é das 9h às 18h, mas cada pessoa gere o seu tempo e pode trabalhar remotamente sempre que necessário. Para valorizar também a presença física, a empresa investe em semanas temáticas de bem-estar, eventos de networking e políticas Kids Friendly e Pet Friendly.
A filosofia da Zühlke
Desde que chegou a Portugal, em 2021, a Zühlke opera com um modelo híbrido sem dias obrigatórios no escritório e horários flexíveis, permitindo que cada profissional escolha onde e quando quer trabalhar.
“As equipas devem poder gerir de forma autónoma o seu tempo e trabalho, porque isso aumenta a produtividade e promove a felicidade no trabalho”, afirma Ana Correia, Human Resources & Employer Branding Lead da empresa.
Entre as medidas diferenciadoras estão três dias de folga adicionais por ano (os “Creative Days” podem ser gozados no final de cada quatro meses), as licenças sabáticas, a redução ou condensação do horário, flexitime (banco de horas) e faltas remuneradas por motivos de saúde. A filosofia assenta em ouvir regularmente as equipas, adaptar benefícios e manter uma “cultura de escuta ativa” para alinhar as condições com necessidades reais.
“Ao proporcionar maior autonomia e flexibilidade, ajudamos as pessoas a estarem mais presentes na vida pessoal e familiar, o que contribui para o seu bem-estar de forma mais ampla”, sublinha a direção da tecnológica suiça.
A flexibilidade estende-se também ao espaço físico. O escritório foi concebido para promover ligações humanas, não para “picar o ponto”. A empresa investiu em ambientes confortáveis e acessíveis, pensados para momentos informais e colaborativos que complementam o trabalho remoto.
Vamos aos números…
As duas empresas consideram impensável regressar aos modelos rígidos de trabalho. No IDEA Spaces, o “salário emocional” (benefícios não monetários como bem-estar e equilíbrio) ganha relevância com a chegada de novas gerações. Na Zühlke, a flexibilidade é vista como essencial para produtividade, compromisso e qualidade de vida das equipas.
Os resultados sustentam a aposta. No último ano, o IDEA Spaces admite ter reduzido a rotatividade para 0% e aumentou a satisfação e produtividade, atribuídas à autonomia e ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Já a Zühlke, embora não divulgue métricas, reporta elevados níveis de motivação e tem ajustado regularmente as políticas para manter a sua eficácia.
Num mercado marcado pela escassez de talento, ambas veem a flexibilidade como um fator crítico de atração: “As pessoas são o ativo mais importante de qualquer organização, e cabe às lideranças saber ouvir para promover o bem-estar e, consequentemente, o sucesso do negócio”, conclui Ana Correia, Human Resources & Employer Branding Lead da Zühlke.
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