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O agritech é o setor que combina agricultura e tecnologia para melhorar a produção, distribuição e avaliação de alimentos.
Nasceu da necessidade de aumentar a eficiência agrícola, reduzir desperdício e adaptar a produção a desafios globais como alterações climáticas, escassez de recursos e volatilidade de mercados. Embora a agricultura seja um dos setores mais antigos da história, o agritech representa uma modernização profunda, tornando a tecnologia não apenas uma vantagem competitiva, mas um requisito de sobrevivência.
O setor vive um dos seus períodos de maior transformação desde a Revolução Verde. A convergência entre sensores avançados, inteligência artificial, análise de dados e biotecnologia está a reconfigurar a forma como se produz, avalia e distribui alimento.
Num cenário em que se estima que a população mundial atinja os 9,7 mil milhões até 2050, a agricultura enfrenta o desafio de produzir mais com menos recursos: menos água, menos terra arável, menos mão-de-obra. É neste contexto que as agritechs surgem como catalisadoras de eficiência, transparência e resiliência para toda a cadeia de valor alimentar.
Como é que se chama os jovens para a agricultura?
A idade média de um agricultor na União Europeia é atualmente de 57 anos, e apenas 12% têm menos de 40. Para atrair novos talentos e garantir segurança alimentar, a Comissão Europeia lançou uma estratégia de renovação geracional, com metas até 2040 para duplicar a proporção de jovens agricultores. Entre as medidas estão:
- Apoio financeiro até 300 mi euros para novos agricultores;
- Acesso facilitado a terrenos e financiamento;
- Formação em boas práticas agrícolas e programas de intercâmbio;
- Promoção de condições de vida dignas e serviços de apoio para equilibrar trabalho e vida pessoal.
Esta renovação é essencial para tornar a agricultura mais atrativa às novas gerações.
Ao contrário da agricultura de precisão tradicional centrada em maquinaria GPS e monitorização básica, a nova vaga agritech assenta na hiper-digitalização. As tendências dominantes incluem:
- Sensores ópticos e hiperespectrais para avaliar qualidade de planta e solo;
- Modelos preditivos de IA que antecipam produção, pragas ou necessidades nutricionais;
- Robótica agrícola que substitui tarefas repetitivas;
- Plataformas integradas que acompanham o percurso do produto desde a semente até ao consumidor;
- Biotecnologia computacional, criando sementes mais resistentes e adaptadas às alterações climáticas.
As novas soluções têm como objetivo proporcionar decisões informadas em tempo real, maior produtividade, redução de desperdício e utilização mais eficiente de recursos.
Portugal como polo de inovação
Portugal tem vindo a ganhar expressão no panorama agritech, graças à combinação de investigação académica e incubadoras de tecnologia, como a UPTEC da Universidade do Porto.
A Seedsight, spin-off do INESC TEC incubada na UPTEC, desenvolveu uma plataforma que combina sensores ópticos com inteligência artificial para avaliar, em tempo real, qualidade, segurança e produtividade de cereais, desde o trigo ao milho. A startup já angariou 2,78 milhões de euros para levar a tecnologia ao mercado, reduzindo desperdício e melhorando a transparência em toda a cadeia de valor.
“A grande notícia do momento é que fechámos uma ronda para a Seed de 1,68 milhões, então temos mais do que forma de entregar aquilo a que nos propusemos e vamos trabalhar com afinco nesse sentido”, garantiu Duarte Viveiros, Photonics Lead da Seedsight durante a Web Summit.
A presença no evento serviu para abrir portas a novos parceiros tecnológicos e investidores internacionais, permitindo à Seedsight explorar colaborações em Portugal e no estrangeiro.
“O grande objetivo aqui é rodearmo-nos de pessoas capazes e de parceiros tecnológicos de excelência, como a Altice e a MEO, para conseguirmos que este projeto se torne ainda mais arrojado”, sublinha Duarte Viveiros.
A ambição da empresa é expandir a plataforma a outros cereais e toda a cadeia de valor agrícola, resolvendo problemas estruturais como ineficiências na moagem e falta de informação em tempo real.
Startups internacionais que marcaram presença na Web Summit
Além de soluções portuguesas, várias startups internacionais apresentaram propostas inovadoras para atualizar a agricultura:
- AllFromFarm (Grécia): marketplace digital que liga diretamente produtores e compradores, promovendo sustentabilidade e bem-estar alimentar;
- Glendeal (Ucrânia): conecta produtores de cereais e oleaginosas a compradores internacionais, facilitando vendas diretas e logística;
- Soily.World (Estónia): deeptech que usa dados microbiológicos para antecipar ameaças às culturas;
- Tecnagro (Angola): trabalha com agritech e agricultura de precisão, transformando o agronegócio africano com soluções sustentáveis;
- Kilunga (Angola): plataforma que integra satélite, IA e gestão empresarial para agricultura baseada em dados;
- Apoena (Brasil): transforma o coco babaçu em soluções de energia limpa, foodtech e cosmética, promovendo inclusão e produção sustentável
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