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A administração Trump promulgou uma lei que corta quase oito mil milhões de euros no Departamento de Eficiência Governamental, o que inclui quase um mil milhão de euros de corte na Corporation for Public Broadcasting (CPB) (Corporação para a radiodifusão pública, em tradução livre).

Esta decisão tem um forte impacto em localidades tribais, sobretudo, no norte Alasca.

KBRW, sediada na cidade Utqiaġvik, no Alasca tem 40% dos fundos provenientes de fundos públicos, mantém oito vilas de Iñupiat conectadas e serve dez mil pessoas. O Diretor da estação, Jeff Seifert, diz à CNN que neste momento tem um part-time e quatro empregados a tempo interior. Com este corte anunciado podem enfrentar layoffs, cortes de programas locais e prescindir da Native Public Media (NPR) - o seu conteúdo mis caro- que significa o final das notícias nacionais.

A KBRW é uma das 36 estações de rádio tribais públicas juntamente com outras quatro estações de televisão em todo os EUA que dependem do financiamento da CPB.

Loris Taylor, Presidente e CEO da Native Public Media (NPR) disse à CNN que sem esse dinheiro as comunidades indígenas ficam sem acesso às noticias locais, alertas e programas culturais.

“É um perda catastrófica para a soberania tribal, auto-representação e democracia”, acrescenta o CEO.

O Alasca tem 15 estações licenciadas, muito mais que a Dakota do Norte ou o Novo México, que são os Estados mais perto com quatro cada um.

As outras estações estão espalhadas pelo país a servir comunicados tribais onde a banda larga e o acesso ao telemóvel estão limitados ou nem existem, de acordo com ao Instituto de Política indígena da Universidade estadual do Arizona.

Em Bethel também no Alasca, outra rádio pública, Kyuk, serve mais de 50 tribos e mais de 25 mil ouvintes em todo o Delta do Yukon, Kuskokwim (um dos maiores deltas do mundo, localizado entre os rios Yukon e Kuskokwim que desaguam no Mar de Bering na costa oeste do Alasca) . Depende em 70% dos fundos públicos para sobreviver.

“Não estamos conectados por um sistema de estradas”, diz Kristen Hall, diretora geral do KYUK “Por isso o que nos conecta são as ondas de rádio”.

No inverno, os rios congelados tornam-se auto-estradas que ligam as aldeias. Contudo, viajar pode ser arriscado quando o gelo começa a derreter.

Para ajudar a manter as pessoas seguras, a KYUK trabalha com uma organização de busca e salvamento em programas com participação do público nos quais o público informa sobre as áreas perigosas.

Tanto a KBRW e KYUK não conseguem sobreviver exclusivamente com fundos locais em substituição dos fundos federais. Sem o “fundo adicional”, Kristen Hall informa que os programas locais terminam tais como os ligados à meteorologia e as notícias locais.

“Estes cortes distanciam as comunidades do resto da América, acrescenta a diretora geral da KYUK. E afirma que estas pessoas merecem “noticias e informações como toda a gente”.

Preservar a cultura através da rádio

Nestes locais não há estradas a ligar as vilas, os residentes viajam de avião. O diretor da KBRW esclarece que não há jornais locais ou estações de tv.

Esta rádio tem transmissões tanto em inglês como em Iñupiaq (Lingua do povo indígena de inupiat). As pessoas mais velhas falam maioritamenente nessa lingua, e Jeff Seifert diz que a rádio ajuda a manter a lingua. E a cultura viva enquanto transmitem informações importante.

Em áreas remotas, muita informação que está na cidade não chega aqui, diz à CNN completado que o Congresso não percebe isso porque não vive aqui para entender o quanto estes serviços são importantes.

Um dos programas em causa, o  Story time (Hora da história, em tradução livre) apresenta histórias culturais de pessoas mais velhas.

Geoffrey Carroll, tem 74 anos, é um biólogo reformado que vive em Utqiaġvik desde 1974. Natural de Wyoming, mas a sua mulher e filho são Inupiat. Conta à CNN que a estação tem sido uma parte central da sua vida familiar. “Seria um “buraco” nas nossas vidas se não tivéssemos radio.  Eu ouço todos os dias, a toda a hora".

Jeff Seifert e Kristen Hall afirmam que os legisladores sobrestimam importância da rádio local. Um dos equívocos diz Kristen Hall ao jornal é achar que os alertas vão chegar a toda gente se o Congresso continuar a financiar o Federal Emergency Management Agency (FEMA). (Agência Federal de Gestão de Emergências, em tradução livre).

“A FEMA não opera em estações de rádio” e sem rádio não há recetor para dar os sinais ao publico. "É uma parceria. Eles enviam os alertas, mas são as radios que os fazem chegar à população".

Ainda no início do mês, um sismo no golfo do Alasca levou a alertas de Tsunami. Foi a transmissão na rádio que deu as instruções em tempo real.