“As lições aprendidas com a sida mostram que o estigma e a culpabilização de certos grupos podem prejudicar a resposta a um surto”, alertou em comunicado o Programa da ONU para o VIH/sida (ONUSIDA), com sede em Genebra, na Suíça.

Segundo o ONUSIDA, a linguagem e as imagens usadas em certos comentários e informações sobre o surto de infeções com o vírus “Monkeypox” exacerbam a estigmatização dos africanos e da comunidade LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero e intersexuais).

O ONUSIDA assinalou que, pese uma parte significativa dos 92 casos identificados em 12 países ter sido detetada em pessoas LGBTI, o risco de contágio não se limita a este grupo, mas a qualquer pessoa que tenha tido contacto físico próximo com pessoas que foram infetadas com o vírus.

“Reiteramos que esta doença pode afetar qualquer um”, afirmou, citado no comunicado, um dos diretores-executivos adjuntos do ONUSIDA, Matthew Kavanagh, sublinhando que a retórica estigmatizante pode criar um “clima de medo” que leva muitas pessoas a não recorrerem aos serviços de saúde, dificultando o rastreio de novos casos.

A doença rara, que tem o nome do vírus, é endémica na África Ocidental e Central, mas menos perigosa que a varíola, erradicada do mundo há 40 anos. Começa com febre, dores musculares e de cabeça, arrepios ou cansaço que derivam rapidamente para erupções cutâneas, especialmente na cara.

O vírus “Monkeypox” foi descoberto pela primeira vez em 1958 quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colónias de macacos mantidos para investigação, daí o nome “Monkeypox” (“monkey” significa macaco e “pox” varíola), refere o portal do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês).

O “Monkeypox” pertence ao género ‘Orthopoxvirus’, que inclui o vírus da varíola, o vírus ‘Vaccinia’ (usado na vacina contra a varíola) e o vírus da varíola bovina.

Não sendo os macacos o reservatório natural do vírus, que permanece desconhecido, especialistas consideram que é incorreto designar a doença ou a infeção como “varíola dos macacos”.

Contudo, os macacos e roedores africanos podem alojar o vírus e infetar pessoas, adianta o CDC.

O primeiro caso humano de infeção com o vírus “Monkeypox” foi registado em 1970 na República Democrática do Congo, durante um período de esforços redobrados para erradicar a varíola. Desde então, vários países da África Central e Ocidental reportaram casos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o recente surto de infeção com o vírus “Monkeypox” afeta 12 países, onde foram notificados 92 casos. Portugal identificou 23 casos.

Segundo o CDC, as infeções em pessoas que ocorreram fora de África estão ligadas a viagens internacionais ou a animais importados.

A transmissão do vírus “Monkeypox” sucede quando uma pessoa contacta com o vírus a partir de um animal ou outra pessoa com infeção ou de material contaminado.

O vírus pode transmitir-se dos animais para os humanos através de uma mordidela, um arranhão ou por contacto com fluidos. A transmissão entre humanos pode ocorrer através de gotículas respiratórias, contacto com fluidos corporais ou feridas e roupas ou lençóis contaminados.

Em humanos, os sintomas da infeção com o vírus “Monkeypox” são semelhantes, mas mais leves, aos da varíola. No entanto, ao contrário da varíola, a “Monkeypox” faz com que os gânglios linfáticos inchem.

O período de incubação (tempo desde a infeção até ao aparecimento dos sintomas) do vírus “Monkeypox” é geralmente de 7 a 14 dias.

A doença dura, em média, duas a quatro semanas e em África mata até uma em cada 10 pessoas, de acordo com o CDC.

Apesar de a doença não requerer uma terapêutica específica, a vacina contra a varíola, antivirais e a imunoglobulina vaccinia (VIG) podem ser usados como prevenção e tratamento para a “Monkeypox”.

O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças recomendou na quinta-feira o isolamento de casos suspeitos e a vacinação para contactos de alto risco com pessoas com “Monkeypox”.

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