A agência Lusa noticiou, no sábado, a existência de escolas que organizam viagens para alunos do secundário e finalistas do 3.º ciclo que deixam de fora quem não tem dinheiro para pagar as deslocações. Os preços rondam os 500 euros, mas podem chegar aos 800 euros, segundo histórias ocorridas em estabelecimentos de ensino de Coimbra, Lisboa, Azeitão ou Castanheira do Ribatejo, entre os quais se encontra a Escola Secundária Infanta D. Maria, que esteve durante vários anos em primeiro lugar do ranking anual de escolas públicas, cuja diretora veio hoje a público garantir que não há alunos excluídos por incapacidade financeira.

A diretora da escola, Cristina Ferrão, explicou à Lusa que, de facto, a Secundária Infanta D. Maria (ESIDM), “no seu Plano de Atividades para o ano letivo 2022/2023, tem prevista uma visita de estudo a Paris, de autocarro, para os alunos do 9.º ano (e não do 11.º ano, conforme é noticiado), que decorrerá em junho”.

“Trata-se de uma visita de cerca de uma semana, pelo que o preço é elevado. Para dar conhecimento das condições e do percurso, foi convocada uma reunião de pais. Nela, estiveram presentes os encarregados de educação destes alunos, as docentes organizadoras e a agência de viagens contactada para o efeito. O preço certo não foi estipulado, já que dependeria do número dos envolvidos”, disse a diretora.

Cristina Ferrão explicou que, “na verdade, houve alunos que não se inscreveram, tendo os encarregados de educação suspeitado que tal se deveria a impossibilidade financeira”.

A peça distribuída pela Lusa no sábado diz que os encarregados de educação receberam uma informação que explicava: “Relativamente à situação de alunos/famílias sem condições para custear a visita de estudo, não nos compete a nós, professoras organizadoras, resolvermos esta questão”.

A diretora da escola disse então ter recebido informação de alguns encarregados de educação “incomodados com o teor da resposta” daquelas professoras, tendo “agido, de imediato”.

“Enviei um email a todos os Encarregados de Educação envolvidos, apresentando desculpas, em nome da Escola, e frisando que a ESIDM é uma organização inclusiva, não exclusiva. Apresentei a minha disponibilidade para arranjar estratégias para ultrapassar esta situação (semelhantes às que já ocorrem, na Escola, para outros alunos, em situações similares) e reunir com os representantes dos Encarregados de Educação. O que veio a ocorrer, tendo, inclusive, estado presente o Encarregado de Educação que é mencionado na vossa peça jornalística. Nesta reunião, foram delineadas medidas para incluir os alunos que, por incapacidade financeira (ainda que não beneficiem de nenhum escalão do ASE), não poderiam vir a fazer parte desta visita. Tudo isto ficou sanado na semana de pausa letiva do Carnaval. As atividades para angariação de fundos estão a decorrer”.