Em entrevista à SIC Notícias, a agora viúva explicou que a transladação do corpo do marido de Portugal para a Ucrânia custou 2.200 euros. Oksana Homeniúk está apenas a receber o equivalente a 100 euros , por mês, por parte do governo ucraniano.

"Eu gastei o dinheiro todo o trazê-lo para aqui", disse. No início da entrevista, a mulher teve de fechar a porta da divisão para que os filhos de 9 e 14 anos não ouvissem a conversa, já que até hoje não lhes contou o que realmente aconteceu, tendo tido de mentir aos filhos sobre o que aconteceu ao pai.

Disse às crianças que o pai se sentiu mal, tendo ido para o hospital e que foi lá que morreu.

Questionada sobre se o governo português tinha prestado algum tipo de apoio, disse que não.

Na origem desta situação estão três inspetores do SEF acusados de envolvimento na morte deste cidadão ucraniano, Ihor Homenyuk, nas instalações do serviço no aeroporto de Lisboa, que agrediram violentamente e que deu origem à demissão do diretor e do subdiretor de Fronteiras do aeroporto.

“Tantas pessoas o viram [a Homeniuk], sabiam o que estava a acontecer e ninguém ajudou. Ainda não consigo entender. Não era criminoso, nem terrorista, nem assassino”, lamenta a mulher, que diz que chora todos os dias. "É muito difícil em termos psicológicos e financeiros. De cada vez que oiço a palavra Portugal... fiquei com tanto ódio a este país. Não quero dinheiro nenhum, só queria que mo trouxessem de volta”, conclui.

Esta quarta-feira, a diretora do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Cristina Gatões Batista, demitiu-se das suas funções.

Cristina Gatões assumiu a liderança do SEF a 16 de janeiro de 2019, em substituição de Carlos Moreira, que saiu por motivos pessoais e a sua saída, segundo uma nota do Ministério da Administração Interna (MAI), coincide com um processo de restruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Na terça-feira, o PSD exigiu ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, "mudanças estruturais" no SEF.

Esta posição surge sobretudo em consequência da reação da cúpula do SEF ao caso da morte de Ihor Homenyuk, pela qual já foram acusados três inspetores de homicídio qualificado.

A 16 de novembro, Cristina Gatões admitiu que a morte do cidadão ucraniano resultou de "uma situação de tortura evidente".

Quando questionada pela RTP sobre se tinha posto o lugar à disposição do ministro da Administração Interna, que tutela o SEF, ou se tinha pensado demitir-se, Cristina Gatões disse que "não".

Na sequência de um inquérito aberto pela Inspeção-Geral da Administração Interna foram instaurados oito processos disciplinares a elementos do SEF.

[Atualizada Às 11:56]