Ouça aqui um pequeno excerto das declarações do atual presidente do Sporting CP que esteve em entrevista esta quinta-feira, dia 2, na Sporting TV.
O presidente do Sporting aproveitou para fazer um balanço da campanha eleitoral ao canal do clube e revisitar o debate com o candidato Pedro Madeira Rodrigues, no passado dia 22 de fevereiro.
Porém, há uma coisa de que Bruno de Carvalho parece não ter dúvidas: vai ser campeão com Jorge Jesus. E que para além de ser com o atual treinador, não entende o porquê das críticas a este por parte da oposição.
"Não tenho dúvidas nenhumas que vai ser com o Jorge Jesus. É um treinador de inequívoca e tremenda valia. Tenho pena, de facto, de ouvir alguém que é candidato à presidência do Sporting, estar a dizer que há outros treinadores que são melhores", disse.
"Não podemos dizer que queremos estabilidade e depois querer três treinadores para três meses. Não podemos dizer que queremos ser campeões e o treinador começar o seu trabalho no início da época quando podia começar agora porque está desempregado e nós não podemos olhar para uma pessoa que quebrou todos os recordes do Sporting, que retirou o Sporting da diferença abismal entre o clube e os seus rivais, e que fez um campeonato que foi reconhecidamente como aquele que melhor futebol praticou", respondeu um Bruno de Carvalho assertivo.
Sobre o debate com Madeira Rodrigues, o presidente do Sporting considera que só por uma vez teve um de "tão baixo nível".
"Eu sinceramente acho que só tive um debate que conseguiu ser tão baixo quanto o debate que nós tivemos na Sporting TV. E foi um debate onde dois candidatos, em 2011, estavam, enquanto eu falava, a chamar-me filho da mãe. Mas ali, em direto! Só que as pessoas não ouviam... Mas ouvia eu! Então, eu tentava conversar e eles estavam sempre 'filho da mãe, filho da mãe'. Veja como não é simples uma pessoa estar a falar. Foi de forma similar [à de Madeira Rodrigues]: veja qual foi a estratégia. Foi o sorriso?", começou por explicar.
"Eu não vou falar da sua família… só tem é falências atrás de falências. E gostava de ver o seu recebido de vencimento. E o IRS. Eu também já aprendi. É assim, como um sorriso. Você, não temos esses sócios. Você, está a mentir. Assistência? Não, vazio. Os números que você passa no relatório de contas? Não, isso é mentira. Estou muito preocupado. Desculpem que me diga, mas isto não é nada!", sentenciou.
Na óptica de Bruno de Carvalho, a campanha de Pedro Madeira Rodrigues tem sido uma "campanha contra" e tem sido uma campanha "para a outra pessoa se tornar conhecida".
"O que eu vi nos órgãos sociais foi os restos de quatro nos, de pessoas, que por exemplo, foram votadas por unanimidade, para sair do clube e da SAD. Isto são sportinguistas com espírito ganhador, raça leonina, integridade, competência e de trabalho de equipa? São pessoas que por unanimidade foram expulsas de um lado e de outro? Ou uma pessoa que diz que a trai logo na primeira reunião?", questionou.
Modalidades
A aposta no ecletismo do clube foi novamente posta em cima da mesa durante a entrevista. Este é, aliás, um dos pontos que Bruno de Carvalho fez questão de frisar: os bons resultados das modalidades do clube desde que assumiu a presidência. Na noite do debate, destacou que o número de modalidades passaram de 35 para 50 e que se não fosse ele estas poderiam nem existir. Esta quarta-feira, confessou que não prezou o "desrespeito" de Madeira Rodrigues.
"Sinceramente, peço imensa desculpa. É assim que se trata cinquenta modalidades do clube? O desrespeito que ele teve para com as modalidades, dizendo 'está-se a investir como nunca e os resultados nunca vão ser nada de especial'. E ainda nem acabou a temporada! E já fomos campeões no tiro ao arco, temos vários campeões de atletismo, coletivos e individuais, Taça da Liga de futsal… Mas ele acha que há algum atleta neste momento que não está com ele pelas orelhas?", começou por dizer.
"Já está a vaticinar que vai acabar mal? Então mas isso não era suposto serem os nossos rivais? E depois vem dizer que está muito preocupado com as modalidades? E que iria agradecer muito a quem fez o pavilhão, mas ia ser ele a inaugurá-lo? Ele não percebe nada do clube, não percebe nada dos núcleos, não apresenta uma ideia, rebaixa os sócios, rebaixa o clube, rebaixa as modalidades, rebaixa a Sporting TV", frisou.
Benfica e arbitragens
Quem não ficou fora da conversa foram os rivais de Lisboa, não poupando a arbitragem do Benfica - Sporting, a contar para a 13ª jornada da Liga NOS. Bruno de Carvalho admite que assume os erros, mas caso os "penaltis a favor dos leões tivessem sido assinados" a conversa seria outra.
"Eu assumo todos os erros! Assumo, já verificámos, já emendamos e já sabemos perfeitamente o que vamos fazer na próxima época. Vamos deixar de ser anjinhos… Se naquele jogo, com o Benfica, aqueles pénaltis têm sido assinalados e nós saíssemos de lá com um ponto à frente e não com cinco atrás, nós não estávamos aqui hoje a ter esta conversa. Se calhar estávamos a ter a “Hora do Presidente”, disse.
"Porque depois veio uma catadupa de maus resultados, porque também as pessoas são seres humanos, ganham muito dinheiro, não há duvida nenhuma, mas são seres humanos, e realmente, vão desmoralizando. Mas se não tem acontecido aquilo naquele jogo hoje, digo-lhe, mesmo com os erros todos, estaríamos em primeiro lugar porque não aconteciam os resultados a seguir. E os sportinguistas estão a querer esquecer isso. E estão a dizer “lá está ele a esconder, a esconder”. Não, eu assumo tudo! Mas não escondo a verdade", concluiu.
Exigência, Jorge Jesus e vergonha
"O presidente tem que exigir! Tem que exigir a todos. A si próprio e a quem está ao lado. Seja ele quem for: funcionário, colaborador, treinador ou atletas. Não venham cá com histórias", disse.
O presidente do Sporting esclareceu na entrevista que os últimos quatro anos foram de aprendizagem. E não só para ele, mas como para toda a administração e direção. E a acumulação desta, no final, acredita, vai ajudar os leões a chegar ao título.
"Não pensei sentir tantas vezes vergonha daquilo que fui aprendendo. Foram quatro anos de aprendizagem muito importantes. Neste momento sei perfeitamente o que são os bastidores do futebol e não só. Tenho princípios, educação e valores. Toda a aprendizagem que eu, administração e direcção tivemos foi absolutamente vital para a próxima época vamos ser campeões".
E quem ajudou a construir a trilhar o caminho para o sucesso e consequente experiência? O seu treinador.
"Mas tive que aprender muito. E vou-lhe dizer: o Jorge Jesus ensinou-me muito. E se calhar a grande raiva que o nosso rival tem muito a ver com ele ter vindo para o Sporting. É que o Jorge Jesus não trouxe só conhecimento técnico-táctico…”.
Mensagem final
No final da entrevista, o presidente do Sporting deixou um apelo a todos os sócios do clube para o próximo dia 4 de março.
"Está definido e todos já perceberam onde é que está a liderança, onde é que está a equipa, onde é que está a capacidade e o know-how e o trabalho. Onde estão aqueles que podem pegar no rumo certo e a levar o Sporting a ser campeão em todas a modalidades, futebol incluido. E eu peço que percebam a importância vital que é para o Sporting. Ninguém fique em casa. Mostrem claramente porque é que só nós é que não ficamos em casa. Têm que ir todos votar. Todos os que estão nos cadernos eleitorais: ou por voto por correspondia ou presencialmente no estádio. Vão votar! Vão em massa", disse.
"A dignificação… não só interna, mas também aos nossos rivais. Porque é a forma como nós vamos, de facto, chegar onde todos nós queremos. E não andem a dispersar votos. Nós precisamos de uma equipa sólida e coesa. Têm que votar na lista B, no Conselho Diretivo, na Mesa da Assembleia Geral, no Conselho Fiscal e Disciplinar e Conselho Leonino. Só uma equipa forte, coesa e solidária é que permitirá achegarmos ambicionar-mo [ao sucesso]. Porque é por isso é que os outros têm sucesso e nós não. E é por isso que nós vamos ter sucesso. Viva o Sporting Clube de Portugal!", concluiu.
[Notícia atualizada às 4:24]
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