Em comunicado, o COI começa por reiterar a sua “forte posição contra a politização do desporto”, antes de denunciar a intenção de o governo russo de “organizar eventos desportivos com motivações meramente políticas”, numa alusão aos Jogos da Amizade, criados pela Rússia como alternativa aos Jogos Olímpicos.

“Aparentemente, a primeira edição dos Jogos da Amizade de verão está planeada para acontecer em Moscovo e Ecaterimburgo, na Rússia, em setembro de 2024, e a dos Jogos da Amizade de inverno em Sochi, na Rússia, em 2026. Nesse sentido, o governo russo lançou uma ofensiva diplomática muito intensa recebendo delegações governamentais e embaixadores, assim como ministros e outras autoridades governamentais, abordando governos em todo o mundo”, revela o organismo olímpico.

Segundo o COI, as motivações políticas da federação russa são ainda mais evidentes, uma vez que está “deliberadamente a contornar as organizações desportivas nos seus países alvo”, o que representa “uma flagrante violação da Carta Olímpica”, assim como de “várias resoluções das Nações Unidas”.

“É uma tentativa cínica da Rússia de politizar o desporto. A Comissão de Atletas do COI, representante de todos os atletas olímpicos do mundo, opõe-se claramente à utilização de atletas para propaganda política e, inclusive, teme que estes sejam forçados pelos seus governos a participarem num evento tão politizado”, alerta.

O COI considera ainda que o governo russo mostra “total desrespeito pelas normas antidoping globais e a integridade das competições”, recordando que este é o mesmo governo que “esteve implicado num programa de dopagem sistemático nos Jogos Olímpicos de Inverno Sochi2014 e, posteriormente, na manipulação de dados antidoping”.

A Agência Mundial Antidopagem (AMA) advertiu há uma semana para a impossibilidade de garantir o controlo dos Jogos da Amizade, algo mencionado também na nota do COI.

“O Movimento Olímpico condena firmemente qualquer iniciativa de politizar o desporto, particularmente a criação de eventos puramente politizados por parte do governo russo. O COI insta veementemente todos os intervenientes do Movimento Olímpico e todos os governos a rejeitarem qualquer participação ou apoiaram qualquer iniciativa que visa a politização do desporto internacional”, conclui o organismo olímpico.