A maternidade e a opção de ser mãe é, no caso das mulheres desportistas de alta competição, um passo, por vezes, questionável pelas próprias na altura de decidir fazer uma pausa na carreira para terem filhos e constituírem família.
Como lidar com as alterações físicas e morfológicas no próprio corpo e que pensamentos sobre o estado de forma quando voltam à competição são temas transversais na mente de quem compete.
Para responder às dúvidas existenciais, a história está repleta de exemplos de sucesso, superação e, nessa linha, inspiradores.
Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948, Fanny Blankers-Koen, 30 anos, venceu 4 medalhas de ouros no atletismo – 100m, 200m, 80m barreiras e 4x100 estafetas - após ter sido mãe (dois filhos).
Considerada a atleta feminina do século XX, em 1999, a “dona de casa voadora”, como foi apelidada, por acaso grávida de três meses durante as olimpíadas na capital inglesa, viria a quebrar estigmas e provar ao mundo do Desporto que maternidade e competição ao mais alto nível podem estar do mesmo lado do campo.
Desde então, exemplos não faltam. A norte-americana Nia Ali venceu os mundiais de atletismo de 2019, em Doha e celebrou o título com os dois filhos na pista, um de 16 meses e 4 anos. A queniana Faith Kipyegon é testemunho vivo de um regresso triunfal aos títulos depois de acrescentar mais um cidadão ao mundo.
No pináculo de uma carreira, medalha de ouro nos JO Rio de Janeiro 2016, entre outros títulos, aos 23 anos tomou uma decisão de mudança de vida. Foi mãe, regressou à competição, inspirou-se na jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce, também ela protagonista de um regresso triunfal após ter mudado fraldas, voltou a ganhar e a reconquistar o ouro nos 1500m em Tóquio 2020.
Osaka, Kerber e Wozniacki. Três mães que regressaram aos courts de um Grand Slam
Os regressos depois do tempo dedicado à maternidade não são exclusivos do atletismo e a edição 2024 do Open da Austrália, em ténis, testemunha o retorno aos Grand Slams não de uma, mas sim de três tenistas, três mães por sinal, de regresso aos courts de um Major.
Uma delas já está, para já, na ronda 2 do Open da Austrália: Caroline Wozniacki.
Aos 33 anos, a vencedora do Open da Austrália de 2018, antiga número um mundial e atual n.º252 do WTA, a dinamarquesa, mãe de dois filhos, suspendeu a presença no circuito em 2020 e regressou à Austrália (wild-card) quatro anos depois de ter estado no Happy Slam. Ultrapassou, por desistência a semifinalista de 2023, Magda Linette e têm à sua espera Maria Timofeeva, vinda do qualifying.
Naomi Osaka, olímpica em Tóquio 2020, vencedora de quatro Grand Slam, ex-número 1, foi mãe em julho de 2023.
A primeira japonesa a vencer um Grand Slam entrou na temporada 2024 pela porta australiana, ATP de Brisbane, primeiro torneio em que participou após a pausa e está de regresso aos courts de Melbourne, local onde já foi feliz em duas edições do Open da Austrália (2019 e 2021). Defronta na ronda inaugural a francesa Caroline Garcia, 19.ª do WTA.
Por fim, Angelique Kerber, veterana alemã de 35 anos, vencedora do Open dos EUA e Open da Austrália, em (2016) e Wimbledon (2018), antiga ocupante do topo da hierarquia mundial, entrou para o clube das mães em fevereiro do ano passado.
Voltou a pisar os courts em dezembro depois de 18 meses de ausência ao representar a Alemanha na United Cup. Em Melbourne, na “estreia” do Open de Austrália tem à sua espera Danielle Collins, finalista em 2022. Se ultrapassar a norte-americana poderá encontrar do outro lado da rede a atual número 1 mundial, Iga Swiatek.
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