A comunicação social portuguesa não promove notícias positivas sobre o futebol e os programas televisivos influenciam negativamente o ambiente à volta do mundo da bola, conclui um estudo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) divulgado esta quinta-feira.
O tom das notícias veiculadas pelos principais media nacionais “não são positivas para o futebol nacional e incidem maioritariamente em temas relacionados com a atualidade desportiva”, lê-se num comunicado que resume o estudo “O produto futebol nos media em Portugal”.
O documento realça que "os programas televisivos são os principais influenciadores do tom negativo gerado à volta do futebol nacional" e que “apenas 10% dos media revelaram ter uma abordagem positiva a notícias dedicadas ao futebol nacional".
O estudo ressalva que os programas Grande Área da RTP3 e Aposta Tripla da Sport TV (33%), Tempo Extra da SIC Notícias (24%) e Mais Futebol da TVI24 (20%) se destacam por promover “uma abordagem positiva”, a par do diário online Observador (20%).
Ainda relativamente ao tom adotado pela comunicação social o mesmo foi, maioritariamente, neutro (68%). O restante (22%) é negativo.
Considerando o tempo mediático dedicado ao futebol nacional e que teve por objeto de análise a semana de 7 a 13 de janeiro, semana sem “polémicas associadas ao setor desportivo” e em que se disputou o clássico do futebol português, Sporting-Porto, 17ª jornada da Liga NOS, única competição em vigor durante esse período, a atualidade (31%) liderou a lista de temas mais abordados. Seguiram-se nas escolhas editoriais as transferências do mercado de janeiro e os resultados (22%), e as entrevistas a atletas, dirigentes ou treinadores (19%). Os destaques mais polémicos ocuparam 6%.
Quanto a “temas da ordem do dia”, a jornada que marcou a viragem para a 2ª volta da Liga NOS, em especial o Sporting-Porto, dividiu espaço mediático em conjunto com a dúvida sobre quem seria o novo treinador do Sport Lisboa e Benfica, a entrevista de Luís Filipe Vieira, na estreia do programa televisivo de Cristina Ferreira (SIC) e o mercado de transferências a nível de jogadores e treinadores. Ao nível das polémicas o processo dos e-mails, e-toupeira, mala ciao ou cashball, dúvidas sobre a arbitragem, apito dourado ou a presidência de Bruno de Carvalho foram casos “repetidamente repescados”, de acordo com o IPAM.
No caso da análise ao conteúdo dos programas de televisão, o estudo do IPAM demonstra que, ao longo da semana em observação, o tom das intervenções foi também neutro, com 49%, ou negativo, com 33%. Apenas 18% foi positivo. Espreitando as capas dos jornais, o tom neutro (82%) e negativo (13%) dominam as primeiras páginas. Apenas 5% da cobertura dos meios de comunicação social reveste-se de um tom positivo. No online, os meios digitais revelam um tom 84% neutro, 13% negativo e apenas 3% positivo.
O estudo, elaborado pelo Gabinete de Estudos de Marketing para Desporto do IPAM, observou cerca de 30 meios de comunicação social nacionais, selecionados pela audiência, relevância e alcance com que difundem as principais notícias sobre futebol e fez 1380 análises a conteúdo de títulos, de capas de jornais, de 'homepages' de meios de comunicação digitais e de programas televisivos.
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