“Chegar, trabalhar muito, semear e ter tempo para colher. São três anos de contrato, depois será a direção a decidir o futuro. Mas fundamentalmente não podemos fugir do facto de não ganharmos há tanto tempo”, disse o treinador na sua apresentação.
Mourinho não prometeu títulos e foi cauteloso, rejeitando a expressão latina ‘Veni, vidi, vici’ [Chegar, ver e vencer], naquela que é a sua segunda passagem pelo futebol italiano, depois de ter orientado o Inter de Milão, entre 2008 e 2010.
O treinador português preferiu prometer trabalho, para perceber a razão pela qual não se ganha ou porque é que a Roma ficou na última época em sétimo lugar, quando era treinada pelo também português Paulo Fonseca, a 29 pontos do campeão Inter de Milão.
“Não podemos escapar desta realidade, mas queremos perceber porquê? Estamos a falar de tempo, é uma palavra-chave neste projeto, mas se pudermos acelerar este processo, melhor”, acrescentou.
No arranque da conferência, o treinador português começou, depois de agradecer a receção dos adeptos, por sublinhar que a cidade se confunde com o clube, e essa é uma responsabilidade que tem, mas que não está de férias.
“A cidade é maravilhosa, confunde-se a cidade com o clube, é uma responsabilidade que sinto, mas não estamos aqui de férias”, disse.
Em relação ao trabalho, Mourinho disse também que a primeira coisa que fará será conhecer o grupo, porque não se pode mudar sem conhecer e que hoje é o primeiro dia.
O treinador chega à Roma quando a seleção italiana é finalista do Euro2020, contexto que o treinador disse ser importante para ajudar na evolução do futebol transalpino.
“A Itália está na final do Euro 2020 e apenas o Verratti não joga na Serie A. No estrangeiro as pessoas não olham para a Serie A como uma liga de topo. Eu também vou tentar contribuir para a evolução do futebol italiano”, prometeu.
Em comparação com a sua anterior passagem pelo ‘Calcio’, Mourinho disse estar, 11 anos depois, mais maduro, porque é esse o ciclo natural do ser humano.
“Sou melhor pessoa e melhor treinador. Enquanto pessoas devemos sentir dessa maneira, se os anos não nos fazem melhores pessoas e profissionais então algo está errado. Existe mais maturidade, mas o ADN não muda, basicamente sou o mesmo”, considerou.
Os consecutivos despedimentos nos últimos anos no Chelsea, Manchester United e Tottenham, não abalam a confiança do treinador português, considerando que nunca é bem visto e lembrou as recentes conquistas.
“Ganhei três títulos no Manchester United e dizem que foi um desastre. No Tottenham impediram-me de jogar uma final e dizem que foi um desastre. O que para mim é um desastre, para os outros é fantástico”, sublinhou.
Em Itália, o técnico ‘reencontrará’ Cristiano Ronaldo, que treinou no Real Madrid, mas disse que o internacional português da Juventus não tem de se preocupar.
“Ronaldo não tem de se preocupar comigo, não sou defesa central”, brincou o treinador.
Do lado da Roma, a apresentação do técnico foi feita pelo também português Tiago Pinto, diretor geral para o futebol do clube, com o responsável a dizer que a chegada do treinador “é um passo para uma mudança de identidade”.
“É o primeiro passo para uma mudança de identidade, esperamos coisas boas nos próximos três anos. A carreira de Mourinho fala por si”, justificou Tiago Pinto.
Na anterior passagem por Itália, Mourinho foi idolatrado no Inter de Milão, com a conquista de dois ‘scudettos’ (campeonato de Itália), uma Taça de Itália, uma Supertaça, e uma Liga dos Campeões.
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