José Mourinho tinha prometido a amigos que não falava à SPORTTV - segundo disse logo no início da conversa com o jornalista do canal na zona de entrevistas rápidas -, mas acabou mesmo por falar ao canal de desporto português, começando logo por dizer que "há clubes que são feitos para se ganhar, e quando se ganha é uma consequência natural dos percursos, da história, dos investimentos", ao passo que há outros "em que é mais complicado, mais difícil, e em que ganhar tem um sentimento especial".
É o caso da Roma, clube onde chegou este ano e onde, segundo Mourinho, "ganhar um jogo a Lazio [eterno rival da capital italiana] era a alegria de uma época".
Referindo que a equipa fez da amizade a sua "grande arma", o treinador português disse que sentia esta "vitória muito mais pela Roma" do que por si próprio, apesar de relembrar o seu percurso no futebol europeu, onde fez "muita gente feliz".
"Deves dizer isso a alguns dos teus companheiros, que me dão com um pau grosso durante a época e que se chateiam quando eu ganho"
2003, 2004, 2010, 2017 e 2022. Estes foram os anos em que Mourinho venceu as suas 5 finais europeias, as duas primeiras ao serviço do FC Porto, depois pelo Inter de Milão, a seguir pelo Manchester United e agora pela Roma. "Ganhei títulos europeus em três décadas distintas, o que mostra quão velho eu sou", lembrou ao jornalista que o estava a entrevistar, que depois lhe perguntou se sabia que o último título europeu ganho por uma equipa italiana tinha sido a Liga dos Campeões que o técnico venceu ao serviço do Inter de Milão.
Mourinho parou, pensou e foi... Mourinho. "Deves dizer isso a alguns dos teus companheiros, que me dão com um pau grosso durante a época e que se chateiam quando eu ganho", numa clara alusão às razões pelas quais não queria falar ao canal.
Sobre o futuro? "Honestamente não sei. Sei que tenho donos fantásticos pela honestidade, um diretor desportivo fantástico, o Tiago [Pinto] (...), aqui não há mentiras, aqui ninguém veio ao engano, sabíamos o projeto que tínhamos para esta época. Vamos ver o que é possível na segunda. Obviamente que eu gostava de lutar pelo título [mas] não acredito que seja possível", relembrando que "tem que ser a pouco e pouco. Não podemos fazer contratações do outro mundo - podemos fazer contratações como a do Rui Patrício, que jogou 54 jogos [na época] e hoje num momento difícil do jogo deu-nos a vitória".
Quanto a dedicatórias, bom, aí voltamos ao bom e "velho" (assumido pelo próprio) Mourinho. "Não me vou dou dar ao trabalho de dedicar [a vitória] a quem está aziado. Quem está aziado, olha, problema deles. Estou velho demais para desejar coisas más a pessoas que me desejam coisas más. Estou com os meus e agora vou de férias, tchau."
E foi, com mais uma taça no bolso.
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