O Partido Socialista, Partido Social Democrata e Partido Comunista aprovaram esta segunda-feira a deslocação do Presidente da República ao Qatar para assistir ao jogo entre Portugal e Gana, que marca a estreia da seleção das Quinas nesta edição d Campeonato do Mundo.
Em contra ponto, a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda votaram contra. O Chega absteve-se.
PAN e Livre não têm assento na Comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros, onde decorreu hoje a votação, sendo que irão manifestar o seu voto quando a mesma votação decorrer, na terça-feira, na Assembleia da República.
No pedido de deslocação, o Presidente da República solicitava autorização para se ausentar do país entre 23 e 25 de novembro para assistir ao primeiro jogo da seleção no Qatar, admitindo a possibilidade de a deslocação se efetuar via Cairo para participar numa conferência sobre o “Futuro da Educação de Qualidade”, juntamente com outros chefes de Estado.
Na mesma carta dirigida ao presidente do parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa refere que “foi acordada a participação das mais altas figuras do Estado nos jogos da Seleção das Quinas”, estando prevista a presença do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, no segundo jogo (28 de novembro) e do primeiro-ministro, António Costa, no terceiro (em 2 de dezembro).
Os projetos de resolução de BE, PAN e Livre pedem ao parlamento que não se faça representar no Mundial do Qatar e que recomende ao Governo a mesma posição, além de expressarem uma condenação pela violação dos direitos humanos.
O tema tem estado no centro de uma polémica depois de, na passada quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, ao mesmo tempo que pediu que o foco se concentre na seleção nacional.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal..., mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, no final do jogo de preparação entre Portugal e a Nigéria.
Um dia depois, em Fátima, o chefe de Estado ressalvou que irá marcar presença no primeiro jogo se o parlamento o permitir e assegurou que pretende falar de direitos humanos.
Também na sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que os responsáveis políticos portugueses estarão no Campeonato do Mundo de Futebol, no Qatar, a apoiar a seleção nacional e não a violação dos direitos humanos ou a discriminação das mulheres nesse país.
"O campeonato do mundo é onde é. Todos temos uma posição sobre o que é o Qatar, mas aquilo que faz com que a nossa seleção esteja no campeonato do mundo é por ser uma das poucas que conseguiu ser apurada”, começou por alegar António Costa.
Depois, o primeiro-ministro separou política e futebol, mantendo a ideia de Marcelo Rebelo de Sousa, ele próprio e Augusto Santos Silva assistirem a jogos de Portugal no Qatar.
“O campeonato do mundo é lá [no Qatar] e quando formos lá não vamos seguramente apoiar o regime do Qatar, a violação dos direitos humanos no Qatar e a discriminação das mulheres no Qatar. Quando formos lá, vamos apoiar a seleção nacional, a seleção de todos os portugueses, a seleção que veste a bandeira”, sustentou.
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