Se as minhas contas não me atraiçoam, vocês estão a ler isto em meados de maio de 2017, numa altura em que se jogam as finais de conferência. Não tenham esperanças. Tanto os Golden State Warriors como os Cleveland Cavaliers vão despachar os San Antonio Spurs e os Boston Celtics, respetivamente, em apenas quatro jogos. Na eliminatória do Oeste, Kawhi Leonard ainda foi a tempo de voltar após a lesão, mas foi insuficiente para uns Warriors que só vacilaram no jogo inaugural da série. Já na conferência Este, os Celtics foram presa fácil para LeBron James e companhia, que fizeram uso da sua maior rotação para completar a “vassourada”.
Foi aí que surgiu a dúvida. Depois de duas campanhas perfeitas de 12-0 até às Finais, seria alguma equipa capaz de terminar os playoffs com o título de campeã da NBA e sem qualquer derrota? Não. Ainda não foi desta que foi batido o recorde dos Los Angeles Lakers de 2000/01, quando a formação californiana onde despontavam Kobe Bryant e Shaquille O’Neal venceu o título depois de três “sweeps” (3-0 aos Portland Trail Blazers, 4-0 aos Sacramento Kings e aos San Antonio Spurs) e umas Finais com apenas uma derrota averbada, naquele mítico jogo 1 em que o base Allen Iverson marcou 46 pontos e os Philadelphia 76ers triunfaram no prolongamento.
Pelo terceiro ano consecutivo, as Finais foram uma verdadeira batalha entre Warriors e Cavs. O treinador Steve Kerr voltou ao banco dos Warriors e foi o catalisador do triunfo da equipa de Oakland, em seis jogos. Apesar da média de triplo-duplo e mais de 30 pontos em todas as partidas, LeBron James ficou de mãos a abanar e o MVP das Finais foi para o número 23, mas da equipa contrária: Draymond Green.
O draft
Enquanto vocês ainda estão na ressaca da lotaria do draft, por aqui já se conhece o rumo que as equipas tomaram. Sem surpresas, os Boston Celtics escolheram o “rookie” Markelle Fultz e os Los Angeles Lakers optaram pela família Ball: o jovem Lonzo para dentro das quatro linhas e o irascível LaVar para a bancada do Staples Center.
Também sem surpresa, pelo menos para mim, os responsáveis dos Celtics decidiram ouvir propostas para trocar… Isaiah Thomas. Depois da extraordinária época do pequeno base, o seu valor de mercado subiu em flecha, mas a final de conferência frente aos Cavaliers expôs ainda mais as já conhecidas fragilidades defensivas de IT.
Assim, o técnico Brad Stevens entregou a liderança da equipa a Fultz e parece apostado em desenvolvê-lo até que LeBron James se retire ou comece a perder qualidades. Enquanto LeBron andar pela NBA, as outras equipas da conferência Este podem tirar senha de espera. E esperar sentadas.
Os prémios
Dias depois do draft, a NBA estreou o evento para entrega dos prémios individuais da temporada, numa gala que confirmou o troféu de MVP para Russell Westbrook. O sr. Triplo-Duplo aceitou a distinção perante o olhar atento do outro grande candidato, James Harden. O agora-base dos Houston Rockets viu, no entanto, dois prémios seguirem para a vitrine de troféus da sua equipa, já que Mike D’Antoni foi o Treinador do Ano e Eric Gordon foi o Melhor Suplente (Sixth Man).
A surpresa da gala foi, mesmo, o anúncio do Rookie do Ano. O painel de votantes terá considerado que os meros 31 jogos disputados pelo poste Joel Embiid foram curtos para receber o galardão e optaram por premiar Dario Saric, colega de Embiid nos Philadelphia 76ers. Outro não-americano, o grego Giannis Antetokoumpo, dos Milwaukee Bucks, venceu o prémio de Jogador que Mais Evoluiu e o Defensor do Ano foi finalmente para Draymond Green, dos Golden State Warriors.
A free agency
Com as Finais, o draft e os prémios individuais para trás das costas, seguiu-se mais um Verão animado pela “free agency”. E, aí, o maior destaque foi mesmo a decisão de Blake Griffin de continuar a vestir o equipamento dos Los Angeles Clippers. O extremo/poste quis mais uma hipótese de lutar pelo título, depois do base Chris Paul ter assinado novo contrato com a equipa orientada por Doc Rivers.
Com Griffin a continuar em L.A., o maior destaque do defeso foi mesmo a mudança de ares de alguns atletas com provas dadas na liga, como Kyle Lowry, Gordon Hayward e Paul Millsap. Curiosamente, Lowry, Hayward e Millsap mudaram de equipa e também de conferência.
Onde foram parar? Não posso contar tudo. Os haters vão dizer que isto são só as minhas previsões para os próximos meses, mas garanto-vos que este é o cenário que vão encontrar no arranque da próxima época. Espero-vos por aqui. Até já!
Ricardo Brito Reis é jornalista há uma década e meia, mas apaixonado por basquetebol desde que se lembra. É um dos comentadores de basquetebol da SportTV, faz parte do departamento de comunicação da Federação Portuguesa de Basquetebol e é treinador de formação no Sport Algés e Dafundo.
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