O Open da Austrália é, por norma, uma das provas que todos os tenistas esperam estar. O primeiro Grand Slam da época eleva os índices de ansiedade dos atletas na sua preparação e todos, quase sem exceção, procuram marcar presença no piso duro dos courts de Melbourne Park, na cidade australiana com o mesmo nome.
“O Open da Austrália é, sem sombra de dúvidas, o torneio que os tenistas mais gostam”, conclui Mats Wilander, vencedor de sete Grand Slams e comentador do Eurosport, canal que fará a transmissão do torneio em Portugal.
Com os jogos de qualificação a decorrer, a competição a sério arranca dia 15 e prolonga-se até 28, data da final masculina, sendo que na véspera o palco será ocupado pelas senhoras. Dois jogos com hora marcada: pequeno-almoço madrugador (8h30 em Portugal), depois de 14 dias que prometem desafiar o sono lusitano (e europeu), em virtude das 11 horas de diferença horária que faz com que as partidas se iniciem pela meia-noite e se prolonguem até ao início da tarde.
Com um prize money de 31,8 milhões de libras (35 milhões de euros), cabendo aos vencedores 2,5 milhões de euros, a 106.ª edição do Open da Austrália está marcada, à partida, por algumas ausências de peso. E por dúvidas sobre o estado físico de tenistas que vão pisar os courts de Melbourne Park, que se divide por três retângulos principais: o Rod Laver Arena, Hisense Arena e o renovado Margaret Court Arena, todos com cobertura de teto removível por causa do calor (e sol abrasador) do verão australiano.
Andy Murray e Kei Nishikori, estão lesionados. No quadro feminino, a “culpa” das ausências é dos filhos. Serena Willians, tenista norte-americana e 22º do ranking mundial, vencedora do ano passado do Open da Austrália, na altura o 23.º título individual de Grand Slam, afirmou não estar fisicamente preparada para o torneio depois de ter sido mãe em junho. Victoria Azarenka, por sua vez, está “retida” nos Estados Unidos da América onde luta pela custódia do filho mais novo e, por esse motivo, não se pode ausentar de território americano.
Para além dos lesionados, há ainda a dúvida sobre o estado físico de uns quantos nomes sonantes em prova. Embora já conheçam os seus adversários em campo (o sorteio ficou ontem definido), o próprio corpo e a cabeça serão, provavelmente, um obstáculo a ter em conta durante o primeiro dos quatro grandes torneios de ténis (para além do Open da Austrália está nesta lista Roland Garros, Wimbledon e o US Open). Estão nesta situação de se ajoelharem em campo o número um mundial, Rafael Nadal, com problemas no joelho, o sérvio Novak Djokovic e o suíço Stan Wawrinka (nº9 e vencedor em 2014), ambos vindos de longas paragens por motivos de lesões; e nas mulheres, a espanhola Garbine Muguruza (nº3), Johanna Konta, inglesa, número 9 do ranking e Petra Kvitova (29ª) podem, também elas, a qualquer instante baixarem os braços.
João Sousa é o único português na terra em que Federer espelha felicidade
No quadro masculino, Roger Federer (2º) defende o título no Open da Austrália, depois de ter batido na final do ano passado o espanhol Rafael Nadal e assume-se como um dos favoritos no primeiro grande torneio do ano. Num local onde costuma ser feliz, Melbourne Park, onde já venceu cinco títulos, o suíço de 36 anos, que, no passado, parou sete meses por lesão, pode conquistar o 20º título do Grand Slam. Converteu-se no primeiro tenista a deter cinco títulos de três “Grand Slams” diferentes (cinco do Open da Austrália, sete de Wimbledon e cinco do Open dos Estados Unidos).
“É difícil acreditar que Federer continue a jogar a este nível com a idade que tem, mas conseguiu ganhar no ano passado, talvez o jogo mais incrível que vi. Parece que tem 25 anos”, sublinhou John McEnroe que fará parte da equipa de comentadores no Eurosport.
Federer parte para a defesa do troféu diante o esloveno Aljaz Bedene, enquanto o hexacampeão Novak Djokovic procura levantar pela sétima vez (um recorde) o Norman Brookes Challenge Cup, arrancando a prova frente a Donald Young. Por sua vez o espanhol Nadal, 31 anos, defronta o Victor Estrella Burgos (República Dominicana, 83º do ranking ATP) e Dimitrov aguarda dois adversários vindos do qualiflyer, que lhe estão reservados para as duas primeiras rondas.
No quadro feminino, a número 1, a romena Simona Halep terá tarefa facilitada no primeiro encontro frente a Destanee Aiava, que “joga” em casa. A dinamarquesa e 3ª do ranking WTA, Caroline Wozniacki, sobe ao court para defrontar a romena Mihaela Buzarnescu enquanto a espanhola Garbine Muguruza, sobre quem residem dúvidas sobre o estado físico, mede forças com a francesa Jessika Ponchet (260º).
Ainda nas senhoras, a alemã Angelique Kerber (22ª), vencedora em 2016, estreia-se frente a sua conterrânea, Anna-Lena Friedsam. Por fim, destaque para o regresso de Maria Sharapova, ex-número 1, dois anos depois de ter sido apanhada nas malhas do doping, na Austrália, regressando a esse mesmo local a convite da organização, substituindo Serena Williams. Tatjana Maria é o primeiro alvo.
Em relação aos portugueses, João Sousa, que ocupa a posição 59 na hierarquia mundial será o único representante luso no torneio australiano aguardando o nome do adversário que vem da fase da qualificação.
Com a incerteza acerca de favoritos, com emoção e tensão entre os pares quase garantida, por confirmar estará se tal é significado de bom ténis no torneio que dita o arranque da época.
Comentários