A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, explicou, em conferência de imprensa, após a reunião do Conselho, que a instituição reviu em baixa a projeção da taxa de inflação média para a zona euro para 2,3% em 2024 e 2% em 2025, mantendo-a em 1,9% até 2026.

A inflação média prevista para 2024 foi reduzida em quatro décimas, colocando-a mais próxima do objetivo do BCE de 2% no médio prazo, um dos fatores que a entidade terá em conta na decisão sobre futuras decisões para reduções das taxas de inflação.

Christine Lagarde salientou que a taxa de inflação se situou nos 2,8% em janeiro e, de acordo com a estimativa provisória do Eurostat, espera-se que tenha desacelerado novamente para 2,6% em fevereiro.

“A inflação deverá continuar esta tendência descendente nos próximos meses”, disse, acrescentando que a instituição espera que a taxa caminhe para a meta de 2% à medida que os custos laborais moderem e os efeitos dos choques energéticos passados, dos estrangulamentos na oferta e da reabertura da economia após a pandemia se desvanecem.

“As medidas das expectativas de inflação a mais longo prazo permanecem globalmente estáveis, situando-se a maioria em torno de 2%”, apontou.

No entanto, salientou que existem riscos, entre os quais, do lado ascendente, o aumento das tensões geopolíticas, especialmente no Médio Oriente, que poderão aumentar os preços da energia e os custos de transporte no curto prazo e perturbar o comércio global.

A inflação também poderá ser superior ao previsto se os salários aumentarem mais do que o esperado ou se as margens de lucro se revelarem mais resilientes, considerou.

Por outro lado, “a inflação poderá surpreender no sentido descendente se a política monetária refrear a procura mais do que o esperado, ou se o ambiente económico no resto do mundo piorar inesperadamente”, indicou.

Já os riscos para o crescimento económico continuam inclinados no sentido descendente, segundo a presidente do BCE.

“O crescimento poderá ser menor se os efeitos da política monetária se revelarem mais fortes do que o esperado. Uma economia mundial mais fraca ou um novo abrandamento do comércio mundial também pesariam sobre o crescimento da zona euro”, exemplificou.

Christine Lagarde destacou ainda que a guerra na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente são “importantes” riscos geopolíticos, que podem levar a um enfraquecimento da confiança das famílias e empresas, afetando o comércio global.

Por outro lado, “o crescimento poderá ser maior se a inflação descer mais rapidamente do que o esperado e o aumento dos rendimentos reais significar que a despesa aumenta mais do que o previsto, ou se a economia mundial crescer mais fortemente do que o esperado”.