O presidente da Confederação Portuguesa de Micro, Pequenas e Médias Empresas (CPPME) foi hoje ouvido na Comissão de Orçamento e Finanças na sequência de um requerimento do PCP, sobre a forma como as linhas de apoio à economia estão a ser disponibilizadas, através da banca, às empresas.
Jorge Pisco insistiu que, de acordo com os relatos dos empresários que chegam à confederação desde o início da pandemia, as linhas de crédito bancárias não chegaram à generalidade das pequenas e médias empresas, quer pela “excessiva burocracia” associada aos processos, quer pela exigência de garantias bancárias, pelo que considera que “a banca não está em condições de trabalhar com este segmento da economia”.
O responsável lamentou aos deputados que o Governo não tenha ainda disponibilizado números e dados sobre as empresas que acederam às linhas de crédito criadas para fazer face à pandemia, insistindo que é necessário “conhecer a realidade” e “estar no terreno”, para perceber que os apoios não estão a chegar aos micro e pequenos empresários.
“As linhas de crédito esgotaram-se. Mas com quem? Quem foram as empresas?”, questionou.
Segundo o responsável, a grande maioria que concorreu às linhas de crédito viu o pedido recusado, sendo que em alguns casos acabaram por recorrer ao crédito através da instituição bancária, mas com exigência de garantias.
A CPPME lamentou ainda que as medidas que têm vindo a ser anunciadas pelo Governo sejam “discricionárias”, nomeadamente a mais recente em relação aos sócio-gerentes, e reiterou a necessidade de ser criado um fundo de tesouraria no montante de cinco mil milhões de euros para apoiar o tecido empresarial composto por micro e pequenas empresas.
“A criação do fundo de tesouraria era fundamental neste momento, um fundo com juros a custo zero e um período de carência alargado para fazer face ao pagamento de salários e custos fixos das empresas. Era um ventilador neste momento para as empresas”, disse.
Jorge Pisco lembrou que a medida de ‘lay-off’ simplificado também ainda não chegou à generalidade das microempresas e estas enfrentam muitos problemas de pagamentos: “há salários em atraso, rendas em atraso”, afirmou.
“Agora dizem que no final do mês de maio os pagamentos estarão regularizados, mas as empresas não podem viver em termos de hoje é uma data, amanhã outra. Não é uma situação sustentável”, disse.
“Muitas empresas vão abrir, mas o que vai acontecer é que vão fechar, não vão ter condições para funcionar”, disse ainda Jorge Pisco, salientando a necessidade de serem adotadas medidas “céleres” para micro e pequenas empresas, que são a maioria em Portugal.
Portugal contabiliza 1.175 mortos associados à covid-19 em 28.132 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 12 mortos (+1,%) e mais 219 casos de infeção (+0,8%).
Das pessoas infetadas, 692 estão hospitalizadas, das quais 103 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 3.182.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
Comentários