“Dos 750 despedimentos previstos nos trabalhadores de terra da TAP 450 são da TAP Manutenção e Engenharia (TAP ME), uma área da empresa que, desde há várias décadas, apresenta resultados positivos para o grupo TAP”, referiu a estrutura sindical.
Esta previsão representa “uma redução de mais de 30% de trabalhadores nesta estrutura”, referiu o Sitema, garantindo que “ainda não foi informado acerca dos despedimentos previstos especificamente na classe dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (TMA’s) que representa apenas cerca de 50% do total de trabalhadores da TAP ME”.
O sindicato considera “a reestruturação necessária, não só no que respeita a cortes de alguns custos, mas, sobretudo, no que concerne à modificação de processos, de medidas de produtividade e do desenho hierárquico da TAP”, mas Paulo Mando, presidente da entidade, defende que “quando é necessário fazer cortes” devem ser executados “nas gorduras e não no músculo”.
O sindicato recorda ainda que “desde 2001 que o número de TMA’s tem vindo a decrescer na TAP”, sendo que, nessa altura, para “uma frota de 36 aviões, a companhia aérea de bandeira portuguesa trabalhava com 1.409 profissionais desta classe”.
Atualmente a classe inclui cerca de 900 TMA´s “para uma frota de 87 aviões, o que revela um rácio de 1,44 técnicos por avião, número bastante inferior à média de TMA’s por aeronave praticada pelas companhias aéreas de referência, que se situa nos 3,5″, garante o Sitema.
Paulo Manso refere ainda que, no que diz respeito à redução de 25% na massa salarial dos trabalhadores, prevista no plano de reestruturação, “um técnico em início de carreira aufere, na TAP, cerca de 800 euros” e que “a média de vencimentos dos trabalhadores que efetivamente reparam os aviões para poderem voar em segurança está entre os 1.600 e os 1.700 euros”.
O responsável assegura que “este valor, ao contrário, do que tem sido anunciado, pelo menos no que respeita aos TMA´s, está muito abaixo do que é praticado em outras companhias onde colegas ganham numa semana o que quem trabalha na TAP ganha num mês”.
O Sitema indica ainda que, no ano passado, a TAP ME apresentou resultados positivos de 47 milhões de euros.
Em 18 de novembro, o Sitema disse que a “TAP não pode dispensar mais técnicos de manutenção de aeronaves”, alertando para as consequências da falta destes profissionais, segundo um comunicado.
A companhia aérea “já procedeu à dispensa de uma parte destes nossos colegas que se encontram agora numa situação de desemprego”, sendo que “alguns já foram entretanto contratados por empresas concorrentes da TAP”, referiu o sindicato.
A estrutura sindical referiu que a transportadora “está a desperdiçar mais de 980.000 euros investidos só na sua formação teórica base, além do tempo e dinheiro já investido na sua formação prática, que agora se estava a iniciar e que era preciso manter por forma a atingir a sua maturidade profissional”, lembrando que demora em média 10 anos até um profissional destes estar totalmente autónomo.
“A dispensa destes nossos colegas não só não soluciona, como vem acentuar um problema grave já existente: a falta de mão-de-obra na nossa classe profissional devido à elevada saída destes profissionais para outras companhias aéreas”, lê-se no comunicado.
O prazo para a entrega do plano de reestruturação da TAP à Comissão Europeia, condição dada por Bruxelas para aprovar o auxílio estatal de até 1.200 milhões de euros à companhia aérea, termina hoje.
Segundo fonte oficial do Ministério das Infraestruturas, o Governo entrega hoje o plano de reestruturação exigido por Bruxelas, no âmbito do apoio estatal de até 1.200 milhões de euros, aprovado pela Comissão Europeia, em 10 de junho.
A partir daquela data, a companhia tinha seis meses para apresentar um plano de reestruturação que demonstre que a empresa tem viabilidade futura, uma vez que a Comissão Europeia entendeu que a companhia já se encontrava numa situação financeira difícil antes da pandemia de covid-19, não sendo, assim, elegível para apoios específicos para empresas que estejam a sofrer os impactos da crise sanitária.
A elaboração do plano ficou a cargo da consultora Boston Consulting Group (BCG), escolhida pela companhia aérea.
O plano prevê o despedimento de 500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 trabalhadores de terra, a redução de 25% da massa salarial do grupo e do número de aviões que compõem a frota da companhia, divulgaram os sindicatos que os representam.
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