O valor das ações da empresa-mãe Adani Enterprises caiu 10% enquanto as ações da subsidiária Adany Energy Solutions, mencionada pela justiça norte-americana, recuaram quase 20%.
Gautam Adani, de 62 anos, é suspeito de estar envolvido no pagamento de 250 milhões de dólares (237 milhões de euros) em subornos a autoridades indianas para obter contratos de energia solar na Índia, em detrimento de rivais dos Estados Unidos.
A acusação alega que os contratos para gerar 12 gigawatts de energia, suficiente para alimentar milhões de casas e negócios, poderiam dar ao conglomerado mais de dois mil milhões de dólares (1,9 mil milhões de euros) em lucros durante 20 anos.
O multimilionário, conhecido por ser próximo do primeiro-ministro ultranacionalista hindu Narendra Modi, não foi detido, de acordo com o gabinete do procurador federal de Brooklyn, no nordeste dos Estados Unidos.
Na quinta-feira, Jairam Ramesh, porta-voz do Congresso, o principal movimento da oposição indiana, defendeu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito às atividades do grupo Adani.
No início de 2023, Gautam Adani perdeu o título de homem mais rico da Ásia, após a divulgação de um relatório da empresa de investimentos norte-americana Hindenburg Research, que acusou o grupo de estar envolvido em fraudes.
Nos últimos anos, Adani injetou dinheiro em setores como agricultura, defesa e energias renováveis, todos vistos como altas prioridades para o Governo indiano.
Vários projetos de infraestruturas do grupo Adani no estrangeiro, em países como Sri Lanka e Tanzânia, têm concorrido diretamente com rivais chineses.
Pouco antes das acusações da Hindenburg, Gautam Adani concluiu a aquisição de um dos principais portos de Israel, em Haifa, localizado perto de um porto operado pelo grupo chinês Shanghai International Port.
O grupo Adani tem sete empresas cotadas em bolsa e a capitalização de mercado combinada do grupo caiu mais de 150 mil milhões de dólares (142 mil milhões de euros) desde a divulgação do relatório, em janeiro de 2023.
Dois dias depois, Adani cancelou uma oferta de ações da Adani Enterprises, uma das maiores operações bolsistas da Índia, na qual esperava angariar cerca de 200 mil milhões de rupias (2,25 mil milhões de euros).
A Hindenburg acusou o Adani Group de ter usado transações não divulgadas e manipulação de lucros para ocultar que várias das empresas chave arrastavam uma "dívida substancial", que coloca todo o conglomerado "numa situação financeira precária".
O relatório indica que um "modelo de indulgência do governo com o grupo" de décadas deixou investidores, jornalistas, cidadãos e políticos relutantes em questionar a conduta do grupo "por medo de represálias".
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