Em comunicado, a Zero refere as mais recentes medições, realizadas em dezembro passado, que "apontam para picos de ruído em habitações próximas" do aeródromo, em "valores considerados extremamente elevados e com forte perturbação para a saúde pública das populações envolventes".
O aeródromo -- situado em Tires, na freguesia de São Domingos de Rana, com quase 60 mil habitantes -- opera normalmente entre as 07:00 e as 24:00, registando já "um elevado número de movimentos de aeronaves", sobretudo de aviões a jato.
Citando a Empresa Municipal Cascais Dinâmica, a Zero destaca "uma média anual de quatro voos rasantes por hora sobre áreas densamente povoadas e muito mais do que isso em determinadas horas do dia".
Em 2023, ter-se-ão registado, de acordo com a mesma fonte, "aproximadamente 47.000 movimentos (aterragens e descolagens) de aeronaves", sendo "particularmente preocupante (...) o aumento em 17% de voos táxi aéreo" em relação 2022.
"Muitos destes voos são em aeronaves a jato, mais ruidosas", observa a Zero, criticando a substituição das escolas de pilotagem do aeródromo pelo transporte executivo.
A Zero está preocupada com o anúncio do Governo de proceder à transferência da aviação executiva do Aeroporto Humberto Delgado para o Aeródromo Municipal de Cascais.
Ao mesmo tempo, os movimentos de jatos privados entre o Aeroporto Humberto Delgado e o aeródromo de Cascais são já considerados "a segunda rota mais intensiva em emissões de dióxido de carbono na Europa", alerta.
Entretanto, a Câmara Municipal de Cascais anunciou que vai abrir um concurso público de concessão e exploração do Aeródromo Municipal de Cascais, que inclui o aumento da pista (que tem atualmente 1.400 metros de extensão).
A esse propósito, a Zero lembra que, de acordo com a legislação em vigor, o prolongamento da pista de um aeródromo além dos 1.500 metros de comprimento obriga a um processo individualizado que passa pela avaliação de impacto ambiental e pela aplicação de medidas como o isolamento acústico das habitações.
Para a associação, "é também fundamental repensar a continuação em funcionamento do aeródromo em Tires a partir do momento em que for inaugurado o novo aeroporto de Lisboa e encerrado o Aeroporto Humberto Delgado".
SBR // JLG
Lusa/fim
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