"Consideramos que o período de transição deve iniciar-se com a queda ou a morte de Bashar al-Assad", declarou a duas agências noticiosas, incluindo a France-Presse, o responsável negocial da oposição síria e chefe rebelde salafista, Mohammed Allouche.

A transição "não se pode iniciar com a presença deste regime ou com o chefe deste regime ainda no poder", acrescentou, em entrevista num hotel de Genebra.

Em conformidade com o processo de paz adotado pela ONU, dentro de seis meses, a partir do início da retoma das conversações na segunda-feira, deverá estar formado um governo de transição e elaborada uma nova Constituição.

O plano prevê a organização de eleições legislativas e presidenciais nos 12 meses seguintes.

O Alto comité das negociações (HCN), que reúne os principais grupos da oposição e representados por Allouche, insiste na "formação de um organismo transitório dotado de todos os poderes executivos" e no qual Bashar al-Assad "não tem lugar".

Para a oposição, este corpo executivo deverá gerir o país até às eleições gerais, e das quais "deverá ser excluído" o atual Presidente sírio.

Para Damasco, permanece fora de questão discutir as eleições presidenciais ou o destino de Al-Assad, reeleito em 2014 em plena guerra para um novo mandato de sete anos.

"Não negociaremos com ninguém que queira discutir a presidência. Bashar al-Assad é uma linha vermelha. Caso [os responsáveis da oposição] pretendam continuar com esta abordagem, será melhor que não compareçam" em Genebra, preveniu o chefe da diplomacia síria, Walid Mouallem.

Para Damasco, a autoridade de transição será na sua essência "um governo de unidade" alargado aos opositores mas sob a autoridade de Assad.

Os Estados Unidos e a Rússia negociaram um cessar-fogo na Síria entre o regime e os rebeldes, em vigor desde 27 de fevereiro. Apesar de alguns incidentes, está a ser respeitado na generalidade, permitindo o envio de ajuda às populações cercadas e a convocação de novas negociações em Genebra, com o patrocínio das Nações Unidas.

PCR // ARA

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