Num comunicado, citado pela agência noticiosa italiana ANSA, as Forças de Defesa de Israel (FDI) sublinharam, porém, que as milícias xiitas pró-iranianas estavam a utilizar estruturas civis e as forças da ONU como escudos humanos.
As FDI admitiram terem sido notificadas de que dois soldados cingaleses da força de paz da UNIFIL foram "inadvertidamente feridos durante a luta do exército contra o Hezbollah" no sul do Líbano.
O exército israelita manifestou "profunda preocupação com incidentes desta natureza" depois de dois soldados indonésios terem sido feridos na quinta-feira.
"As FDI tomam todas as precauções para minimizar os danos aos civis e às forças de manutenção da paz", adiantam.
"Dado o ambiente operacional complexo e difícil em que o Hezbollah utiliza estruturas civis e a UNIFIL como escudos, as FDI continuarão a fazer esforços para mitigar o risco de recorrência de tais incidentes infelizes", acrescentam.
O exército libanês anunciou hoje a morte de dois dos seus soldados, na sequência de um ataque israelita no sul do país, onde o exército de Telavive e o movimento fundamentalista xiita Hezbollah estão agora em guerra aberta.
"O inimigo israelita atacou uma posição militar em Kafra, no sul, deixando dois mártires e três feridos", anunciou o exército em comunicado.
O incidente eleva para quatro o número de soldados libaneses mortos desde o início da intensificação dos bombardeamentos israelitas no Líbano, a 23 de setembro.
Quando as tropas israelitas fizeram as suas primeiras incursões no território libanês e o Hezbollah respondeu com disparos de foguetes, os soldados libaneses retiraram-se dos postos de observação ao longo da fronteira e reposicionaram-se cerca de cinco quilómetros atrás.
Ainda assim, a 03 deste mês, um soldado libanês foi morto e outro ficou ferido num ataque israelita em Taybeh, depois de, a 30 de setembro, um outro militar do exército do Líbano ter sido morto por um drone israelita que tinha como alvo um posto de controlo das Forças Armadas libanesas em Wazzani.
Israel tem intensificado a sua campanha contra o Hezbollah com vários ataques aéreos pesados em todo o Líbano e uma invasão terrestre na fronteira, após um ano de trocas de tiros entre os dois rivais.
O Hezbollah também tem expandido o lançamento de 'rockets' para áreas mais povoadas do interior de Israel, mas os estragos e as vítimas são poucos.
O grupo xiita e pró-iraniano começou a disparar 'rockets' contra Israel a 08 de outubro de 2023, em apoio ao ataque ao território israelita do grupo islamita palestiniano Hamas (no dia anterior), atraindo ataques aéreos israelitas de retaliação.
Mais de 2.100 libaneses -- incluindo combatentes do Hezbollah, civis e pessoal médico -- foram mortos desde o ano passado por ataques israelitas, dos quais mais de dois terços nas últimas semanas.
Os ataques do Hezbollah mataram 29 civis, bem como 39 soldados israelitas no norte de Israel desde outubro de 2023 e no sul do Líbano desde que Israel lançou a sua invasão terrestre.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, alertou esta semana os libaneses de que iriam sofrer a mesma destruição que a campanha de Israel contra o Hamas infligiu em Gaza, a não ser que tomem medidas contra o Hezbollah.
Israel prometeu ainda contra-atacar o patrocinador do grupo libanês, o Irão, depois de este ter lançado cerca de 200 mísseis contra Israel na semana passada.
O primeiro-ministro do Líbano pediu hoje uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para um "cessar-fogo imediato e completo", com o acordo do Hezbollah, admitindo enviar o exército libanês para o sul do país.
Najib Mikati sublinhou "o compromisso do Governo libanês de aplicar a decisão 1701 do Conselho com todas as suas cláusulas, incluindo o destacamento do exército para o sul do Líbano e o reforço da sua presença na fronteira libanesa de forma a garantir a correta aplicação desta resolução".
A resolução 1701, que colocou um fim a um conflito entre Israel e o Hezbollah em 2006, prevê a cessação das hostilidades de ambos os lados da fronteira e que apenas as forças de manutenção da paz da ONU e o exército libanês podem ser destacados para o sul do Líbano.
JSD (PMC/JH) // PDF
Lusa/Fim
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