"Esta situação não só irá agravar a situação na Ucrânia, como também terá implicações extremamente significativas para a situação de segurança na Ásia Oriental", afirmou Takeshi Iwaya, referindo-se ao alegado envolvimento de tropas norte-coreanas na região fronteiriça russa de Kursk.
"Estamos muito preocupados com este desenvolvimento e condenamo-lo veementemente", acrescentou, durante uma visita à Ucrânia.
Há várias semanas que correm notícias de que Pyongyang enviou milhares de tropas para a Rússia, com o Ocidente e a Ucrânia a afirmarem que já se encontram na região fronteiriça russa de Kursk.
O ministro japonês visitou Butcha, uma cidade perto de Kiev, onde as forças russas são acusadas de terem cometido atrocidades contra civis no início da guerra.
"A nossa posição mantém-se inalterada, nomeadamente a de que o Japão apoiará a Ucrânia", insistiu.
O seu homólogo ucraniano, Andriy Sybiga, afirmou que a entrada de tropas norte-coreanas no conflito ucraniano é "a prova de que o futuro da arquitetura de segurança, não só europeia mas também global, está a ser jogado na Ucrânia".
A visita do ministro dos Negócios Estrangeiros japonês é "um sinal importante de solidariedade, especialmente num momento tão difícil", afirmou Andriy Sybiga, acrescentando: "Apesar de estarmos separados por oito mil quilómetros, os nossos países estão muito próximos em termos de valores".
Segundo Kiev, cerca de 11.000 soldados norte-coreanos já foram destacados para a Rússia e começaram a lutar contra as forças ucranianas na região de Kursk, onde estas últimas estão em ofensiva desde agosto.
Este destacamento é motivo de grande preocupação para os países ocidentais que apoiam a Ucrânia.
Até agora, o Kremlin tem-se esquivado a questões sobre a presença de reforços norte-coreanos.
Mas na segunda-feira, a Coreia do Norte ratificou um acordo histórico de defesa com a Rússia, selando a sua aproximação, de acordo com a agência noticiosa oficial norte-coreana KCNA. O Presidente russo Vladimir Putin também assinou o tratado de defesa mútua, de acordo com o Kremlin.
A Coreia do Norte estará ao lado da Rússia até à sua "vitória" na Ucrânia, avisou o ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano, Choe Son Hui, em Moscovo, naquela altura.
O seu homólogo russo, Serguei Lavrov, congratulou-se com os "contactos muito estreitos (...) estabelecidos entre os serviços militares e de segurança" dos dois países, e expressou a "gratidão" de Moscovo pela "posição de princípio" da Coreia do Norte.
Esta colaboração tem levantado preocupações a nível internacional, pelo risco de uma "escalada muito perigosa do conflito", como afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, também já apelou à adoção de medidas contra a "cooperação militar ilegal" entre a Coreia do Norte e a Rússia, que disse representar uma ameaça à segurança da Coreia do Sul.
Neste sentido, a União Europeia e a Coreia do Sul apelaram ao fim da cooperação militar entre Moscovo e Pyongyang, que classificaram como ilegal, e à retirada das tropas norte-coreanas destacadas na Rússia.
Entretanto, o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, também se manifestou, considerando que a presença de soldados norte-coreanos na região russa de Kursk é "histórica por todas as razões erradas" e representa uma "expansão perigosa" da guerra da Rússia na Ucrânia.
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