As mortes são justificadas pelo porta-voz do Ministério da Saúde do Governo do movimento islamita palestiniano Hamas, Ashraf al-Qidreh, com a paragem de equipamentos médicos vitais devido ao corte de energia no maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza.

A maioria dos hospitais em Gaza já não tem uma gota de combustível para alimentar os seus geradores, afirmou à agência France-Presse (AFP).

O porta-voz indicou que, desde a noite passada, o Exército israelita destruiu três edifícios na parte ocidental do complexo: a cantina do hospital, o departamento de manutenção e o departamento de recursos humanos.

O Governo de Israel aprovou hoje a entrada diária de dois camiões com combustível na Faixa de Gaza, apesar de as organizações de ajuda humanitária terem alertado que, para suprir as necessidades, é necessário um fluxo constante.

A autorização só foi dada pelo Governo israelita depois de o exército e os serviços secretos terem aprovado a medida e após pedido prévio das autoridades dos Estados Unidos.

O objetivo é "garantir a manutenção mínima das necessidades dos sistemas de água, resíduos e saneamento" para evitar um surto de doenças que "potencialmente" também poderiam espalhar-se para Israel, segundo explica o documento do Governo, citado pelo jornal The Times of Israel.

Um primeiro carregamento, de 23 mil litros de combustível, foi destinado à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), mas com a condição de só ser utilizado no reabastecimento de veículos que entrem no território para fornecer ajuda.

Hoje, cerca de 150 mil litros de combustível destinados a abastecer os geradores de hospitais entraram na Faixa de Gaza através da passagem fronteiriça de Rafah, que liga o enclave ao Egito, informaram os meios de comunicação social egípcios.

Ao mesmo tempo, as entregas de ajuda à Faixa de Gaza são interrompidas precisamente por falta de combustível para transportá-las para o território palestiniano, segundo a ONU, que teme um "risco imediato de fome" para os 2,4 milhões de residentes retidos no enclave.

Nos últimos dias, os tanques israelitas reforçaram o seu controlo na Cidade de Gaza, e particularmente nos seus hospitais, nomeadamente o al-Shifa, que Israel diz ser usado pelo Hamas como base militar, o que o movimento nega.

A situação " é catastrófica", segundo o diretor do hospital, Mohammed Abou Salmiya, enquanto a ONU afirma que 2.300 pacientes, cuidadores e pessoas deslocadas encontraram ali refúgio, mantendo-se sem eletricidade, "nem água e alimentos", segundo médicos palestinianos e ONG internacionais.

Cerca de 40 pacientes de cuidados intensivos e bebés prematuros morreram em Al-Chifa devido à paragem de ventiladores e incubadoras, de acordo com as mesmas fontes.

O exército israelita disse à AFP que continuava hoje as suas buscas no complexo hospitalar em busca de supostos esconderijos do Hamas.

As foças israelitas afirmam ter encontrado no complexo hospitalar equipamento militar, tecnológico e postos de comando no complexo hospitalar, onde nas últimas 24 horas também descobriram, em estruturas adjacentes, os corpos de dois reféns em posse do movimento islâmico desde 07 de outubro.

Nesse dia, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 42.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 11.500 mortos, na maioria civis, 29.800 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.

HB (PMC) // JH

Lusa/Fim