A União Europeia (UE) é capaz de responder de forma capaz a várias crises, e houve vários exemplos nos últimos anos, mas "somos muito menos capazes de identificar à distância o que temos de fazer, onde temos de estar à frente", disse Gomes Cravinho no Bled Strategic Forum, que decorre na Eslovénia.

"A Ucrânia é um exemplo óbvio", admitiu o ministro, referindo que os países mais próximos da Ucrânia "leem [Vladimir] Putin", o Presidente russo, muito melhor do que a UE.

Salvaguardou, contudo, em relação à invasão russa da Ucrânia, que esteve na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, uma semana antes da invasão, e a opinião da maioria dos políticos e especialistas era que seria "muito, muito improvável, que ele [Putin] fosse invadir".

Questionado se há falta de vontade de olhar para o horizonte com o tipo de urgência que é necessária, Gomes Cravinho reconheceu que nalgumas áreas é o que acontece.

"Temos áreas de complacência, em domínios que são de importância vital para nós. As alterações climáticas, a desagregação do direito internacional, a ordem internacional multilateral, são vitais para a União Europeia e temos de nos concentrar muito mais neles", sublinhou Gomes Cravinho.

Ainda em relação à Ucrânia, o chefe da diplomacia portuguesa sustentou que perante a situação, a UE "percorreu um caminho extraordinariamente longo" com os pacotes de sanções adotadas, mas não foi ainda "suficientemente longe" em áreas como a energia.

"Não respondemos adequadamente porque cada país procura as suas soluções energéticas imediatas, o que é natural", explicou.

"Portanto, temos uma série de áreas que ainda mostram a nossa dificuldade em pensar estrategicamente, exceto quando não temos absolutamente nenhuma alternativa", declarou Gomes Cravinho, que falava no painel "Quantas europas na Europa", juntamente com os homólogos de Espanha, França, Turquia, Eslovénia, Islândia, Polónia e Áustria.

O Bled Strategic Forum, que decorre na Eslovénia, é uma conferência internacional que procura encontrar soluções inovadoras para os desafios políticos, de segurança, estratégicos e de desenvolvimento, contemporâneos e futuros e que este ano é dedicado à guerra na Ucrânia e à crise do multilateralismo.

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