Um comunicado divulgado pela DGS refere que até às 19:00 de hoje "foram notificados, na Região Norte, 72 casos suspeitos de sarampo, a maioria dos quais com ligação laboral ao Hospital de Santo António, no Porto. Dos 72 casos notificados, 25 foram confirmados laboratorialmente pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e 15 foram infirmados; os restantes casos aguardam resultado laboratorial".
Todos os casos confirmados são em "adultos, estando três internados em situação clínica estável". Dos 25 casos, 16 foram confirmados em mulheres, cinco em pessoas não vacinadas, quatro em pessoas com esquema vacinal incompleto e um numa pessoa com esquema vacinal desconhecido. A grande maioria dos doentes, 22, são profissionais de saúde.
Na quinta-feira, a DGS anunciou a confirmação de 21 casos em Portugal, e de sete na quarta-feira, dia em que foi declarada "existência de um surto".
De acordo com a DGS, "está em curso a investigação epidemiológica detalhada da situação, que inclui a investigação laboratorial de todos os casos".
A DGS recorda que "o vírus do sarampo é transmitido por contacto direto com as gotículas infecciosas ou por propagação no ar quando a pessoa infetada tosse ou espirra" e que "os doentes são considerados contagiosos desde quatro dias antes a quatro dias depois do aparecimento da erupção cutânea".
"Os sintomas de sarampo aparecem geralmente entre 10 a 12 dias depois da pessoa ser infetada e começam habitualmente com febre, erupção cutânea (progride da cabeça para o tronco e para as extremidades inferiores), tosse, conjuntivite e corrimento nasal", refere a DGS.
No comunicado hoje divulgado, a DGS recomenda que as pessoas verifiquem os boletins de vacinas e que, caso seja necessário, se vacinem contra o sarampo, recordando tratar-se de "uma das doenças infecciosas mais contagiosas podendo provocar doença grave, principalmente em pessoas não vacinadas".
No caso de pessoas vacinadas, "a doença pode, eventualmente, surgir, mas com um quadro clínico mais ligeiro e menos contagioso".
A DGS aconselha ainda a "quem esteve em contacto com um caso suspeito de sarampo e tem dúvidas" que ligue para a Linha Saúde 24 (número 808 24 24 24).
Deve também ligar para aquela linha quem tiver "sintomas sugestivos de sarampo (febre, erupção cutânea, conjuntivite, congestão nasal, tosse)". Com esses sintomas, a DGS recomenda que "não se desloque e evite o contacto com outros".
Menos de dois anos depois de Portugal ser reconhecido oficialmente como estando livre de sarampo, o país depara-se com o terceiro surto da doença no espaço de um ano.
Em 2016, Portugal recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) um diploma que oficializava o país como estando livre de sarampo, até porque os poucos casos registados nos últimos anos tinham sido contraídos noutros países.
Entre 2006 e 2014, Portugal tinha registado apenas 19 casos de sarampo, quase todos importados. Este ano e no ano passado já ultrapassou os casos registados em quase uma década.
Portugal teve dois surtos simultâneos em 2017, que infetaram quase 30 pessoas e levaram à morte de uma jovem de 17 anos.
O sarampo é uma doença grave, para a qual existe vacina, contudo, o Centro Europeu de Controlo de Doenças estima que haja uma elevada incidência de casos em crianças menores de um ano de idade, que ainda são muito novas para receber a primeira dose da vacina. Daí que reforce a importância de todos os outros grupos estarem vacinados de forma a que não apanhem nem transmitam a doença.
Segundo os dados de 2017, mais de 87% das pessoas que contraíram sarampo não estavam vacinadas.
JRS (ARP/IMA) // JMR
Lusa/fim
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