Desde abril e durante o mês de maio, cada ração do PAM voltou a encolher para metade, numa altura em que a organização ajuda "cerca de 850.000 pessoas em Cabo Delgado e 74.000 em Nampula e Niassa", lê-se no mais recente relatório de vigilância humanitária no país, consultado hoje pela Lusa.

"Se o financiamento não for garantido, pode haver uma rutura completa de fornecimento em junho", lê-se no documento da Rede de Alerta Antecipado de Fome (rede Fews, na sigla inglesa) que auxilia operações humanitárias e no último sumário do PAM.

Face ao cenário de escassez, o programa das Nações Unidas está a fazer um levantamento das famílias mais vulneráveis para garantir que a ajuda chega aos que mais precisam.

O PAM diz precisar do equivalente de 16,4 milhões de euros por mês para as operações em Cabo Delgado.

O mesmo corte nas rações aconteceu durante seis meses em 2021, também devido a falta de fundos, sendo distribuídas rações completas apenas entre janeiro e março deste ano.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

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