O ataque ocorreu na tarde de sábado e teve como alvo o campo de Abu Shouk, perto da cidade de Al-Fasher - capital de Darfur do Norte, no oeste do país -, onde residem cerca de 400 mil pessoas, declarou num comunicado a organização não-governamental (ONG) Coordenação de Refugiados e Pessoas Deslocadas do Darfur.
"Como parte dos seus crimes e violações (...), as FAR atacaram o mercado do campo de Abu Shouk com mais de dez projéteis, matando treze pessoas deslocadas e ferindo cerca de outras 30", afirmou a ONG.
A organização denunciou que os paramilitares intensificaram os ataques contra o referido campo nas últimas semanas, o que levou cerca de metade dos seus habitantes a deslocarem-se para a cidade vizinha de Tawila.
A ação contra Abu Shouk ocorre dois meses após um ataque semelhante das FAR ter provocado a morte de dezenas de pessoas no mercado do campo de deslocados de Nifasha, também perto de Al-Fasher.
Aquela cidade é o único bastião do exército Sudanês na imensa região do Darfur e é alvo de frequentes ataques de paramilitares.
A guerra no Sudão começou em abril de 2023 devido ao desacordo entre o exército e as FAR sobre a inclusão de paramilitares nas forças armadas e, desde então, dezenas de milhares de pessoas morreram e mais de 14 milhões foram forçadas a ser deslocadas para outras regiões ou para países vizinhos.
O diretor-geral do Ministério da Saúde sudanês, Ibrahim Jater, citado hoje pela televisão estatal, afirmou que só em Al-Fasher morreram pelo menos 516 pessoas e outras 9.131 ficaram feridas desde o início do conflito.
Khater não descartou que o número de vítimas em Al-Fasher seja "muito maior", uma vez que "pelo menos 300 pessoas foram enterradas pelas suas famílias antes de chegarem aos hospitais".
O responsável alertou ainda que o sistema de saúde daquela cidade ocidental "está à beira do colapso total" devido à falta de equipamento médico e porque "a maior parte dos hospitais da zona já não estão operacionais devido à sua existência em zonas de combate".
CSR // ACL
Lusa/Fim
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