Segundo um artigo na edição 'online' do diário The Australian Financial Review (AFR), principal jornal de finanças na Austrália, "o custo atualizado no relatório contrasta com a insistência da Woodside, de que canalizar o gás e construir a unidade industrial de processamento de gás natural liquefeito (GNL) em Darwin é a única opção comercialmente viável".

No texto, assinado pelo editor de Economia do AFR, John Kehoe, salienta-se que o projeto Greater Sunrise está "atualmente num impasse".

As fugas de informação do relatório, elaborado pela empresa de consultadoria ERCE e que foi encomendado pela empresa de energia estatal Timor Gap, coincidem com as "negociações tensas" entre a Woodside, o governo do primeiro-ministro australiano Anthony Albanese e Timor-Leste sobre a partilha de produção e os acordos de 'royalties' que devem ser assinados este ano.

"A indústria da energia especula que Timor-Leste poderia considerar abandonar a Woodside como parceira da 'joint venture' e operadora do projeto se a gigante de energia australiana continuar a insistir que a unidade industrial de GNL só pode ser construída em Darwin", escreve o AFR.

"As conclusões do relatório colidem com uma estimativa publicada anteriormente, sugerindo que o custo de construção do projeto de GNL seria duas vezes mais caro, ou mais de 10 mil milhões de dólares [9,8 mil milhões de euros] extra, para canalizar o gás do mar de Timor para Timor-Leste e construir a planta de processamento no litoral sul" timorense, lê-se.

Além dos custos de despesas de capital inicial semelhantes, o relatório, de mais de 130 páginas, estima que as despesas operacionais em curso de várias décadas com mão-de-obra e outras despesas seriam mais baratas em Timor-Leste.

O projeto Sunrise proposto no mar de Timor é operado pela Woodside, mas 57% são propriedade do Governo de Timor-Leste, depois de comprar as quotas da Shell e da ConocoPhillips, em 2018.

As negociações entre os governos australiano e timorense sobre um contrato de partilha de produção para o Sunrise, cerca de 70% do qual está em águas de Timor-Leste ao abrigo de um acordo de delimitação de fronteira marítima de 2018, arrastam-se há quase quatro anos, recorda o AFR.

Os custos atualizados do projeto pela ERCE estimam que o gasto total de capital para a construção do projeto de GNL seria de 11,8 mil milhões de dólares em Darwin e de 14,1 mil milhões de dólares em Timor-Leste, de acordo com o relatório finalizado para a entidade Timor Gap em julho de 2021.

O diferencial de custo de 2,3 mil milhões de dólares calculado no ano passado para a construção é uma fração da diferença original de 10,3 mil milhões de dólares (20,5 mil milhões em Timor-Leste face aos 10,2 mil milhões de dólares em Darwin) com base em estudos e trabalhos de engenharia concluídos em 2015.

A ERCE estima que os custos operacionais anuais para processamento de gás 'upstream', 'midstream' e 'downstream' seriam 1,3 mil milhões/ano mais baratos em Timor-Leste do que em Darwin.

"Sublinhando as diferentes opiniões entre a Woodside e Timor-Leste, uma nota de rodapé no relatório diz que alguns dos custos operacionais são baseados nas 'estimativas de custos a montante e a jusante da Timor Gap que diferem do operador' Woodside", destaca o AFR.

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