"A Frente Ampla Democrática (FAM) traduz a vontade de quatro forças políticas que querem trabalhar juntas para passar a barreira dos 4% e conseguir eleger deputados para o Parlamento Nacional", disse à Lusa Gally Soares Araújo, secretário-geral da ASDT e da nova coligação.

A FAM reúne dois partidos com assento parlamentar, a União Democrática Timorense (UDT) e a Frente Mudança (FM), além do Centro de Ação Social Democrática Timorense (CASDT) e do Partido Desenvolvimento Nacional (PDN), ambos sem assento parlamentar.

"As negociações prolongaram-se vários meses e centraram-se no objetivo de unir pequenas forças, permitindo agora oficializar esta coligação que vai ser agora apresentada à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e posteriormente ao Tribunal de Recurso", explicou Araújo.

Definindo-se como uma coligação "do centro", que quer "unir forças espalhadas, com valores democráticos" e que possam ir da direita à esquerda, a FAM vai apostar numa agenda eleitoral marcada pelo desenvolvimento económico.

"Cada partido tem já o seu programa, mas o nosso grande foco será o desenvolvimento económico, especialmente a aposta na diversificação económica, nomeadamente comércio, indústria e turismo", explicou.

"Apostamos igualmente na educação porque consideramos que a chave deste país tem que passar pelos recursos humanos, essencial para tudo, inclusive para contribuir para este processo de adesão à ASEAN", referiu.

A FAM é presidida por Ricardo Carlos Neu, atual presidente da FM, força política que nasceu como excisão da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).

"Cada partido tem as suas características e estamos agora a fazer o mapeamento conjunto para identificar forças reais na base. No caso da CASDT, por exemplo, consideramos que é uma força com mais apoio entre os jovens, novos eleitores, um partido da nova geração", disse, referindo-se ao partido oficialmente registado em 2015.

"Queremos reunir os votantes que nunca votaram", explicou, referindo que o objetivo, "ainda que difícil", é conseguir pelo menos cinco cadeiras no parlamento de 65 lugares. Um dos 'padrinhos' da coligação vai ser Rogério Lobato, um dos candidatos presidenciais em 2022, disse.

Recorde-se que termina no domingo o prazo definido no calendário eleitoral das eleições legislativas, aprovado pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), para a "constituição de coligações partidárias e comunicação à CNE".

Já anunciada no final de janeiro foi a coligação Aliança Democrata (AD) que reúne três forças políticas: a Aliança Nacional Democrata (AND), cujo processo de registo ainda não está concluído, e ainda o Partido de Desenvolvimento Popular (PDP) e o Partido Liberta Povo Aileba (PLPA).

Também hoje está a decorrer a conferência que vai confirmar a coligação entre duas outras forças políticas, o Partido Democrático República de Timor (PDRT) e a Associação Popular Monarquia Timorense (APMT), ambas sem representação parlamentar atual.

O método de Hondt aplicado em Timor-Leste implica que os votos em forças que não consigam eleger ninguém para o Parlamento, de 65 lugares, sejam redistribuídos proporcionalmente pelos partidos que elegem deputados.

Nas eleições presidenciais, do ano passado, registaram-se cerca de 650 mil votos válidos, pelo que se essa taxa de participação se repetir, a barreira de 4% rondaria os 26 mil votos.

Em 2018, o Tribunal de Recurso retirou a elegibilidade a sete forças políticas, nomeadamente a ASDT, KOTA, PDL, PUN, PARENTIL, PNT e PTT, mantendo-se com o estatuto de partido político um total de 24 forças (incluindo o recém-registado Partido os Verdes de Timor).

Os critérios definidos na lei podem implicar que pelo menos quatro forças políticas desse grupo - Partido Milénium Democrático (PMD), Partido Democrático República de Timor (PDRT), Partido do Desenvolvimento Popular (PDP) e Partido Timorense Democrático (PTD) -- não podem concorrer ao voto de 21 de maio.

 

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Lusa/FIm