Arranca hoje a Semana da Mama.

Na segunda-feira, a minha melhor amiga terminou o protocolo de radioterapia. Festejámos o fim de um calvário que começou no início do ano e se arrastou com um ciclo de quimioterapia interminável, uma operação e, por fim, sessões diárias de radioterapia. Ninguém saberá o que é, o que custa, a quantidade de pensamentos relacionados com a morte, a noção de efemeridade que aterroriza, as dores, os enjoos, a impotência. Só quem passa por isto.

Como sua amiga, mantive-me perto, celebrando as pequenas e grandes vitórias, tentando ouvir o mais possível e respeitar o espaço. Uma das coisas que a irritou sobremaneira foi o facto de lhe repetirem que “cada corpo é um corpo”, sem indicarem com antecipação as reações que poderia ter. Para a minha amiga, a informação antecipada era crucial, era a forma de se sentir mais segura para atravessar o protocolo médico. Pouco depois deste diagnóstico, a irmã de uma outra amiga recebeu a notícia de que tinha cancro de mama. O cenário era semelhante, mas os cancros da mama não são iguais, o processo tem sido mais ligeiro.

Muitas pessoas, homens e mulheres, optam por remeter este assunto para uma gaveta qualquer de indiferença, mesmo que esteja repleta de medos. O cancro de mama afecta sobretudo as mulheres, mas também surge nos homens. Anualmente, morrem cerca de 1800 mulheres em Portugal. É a quinta causa de morte; a segunda neoplasia mais comum. São detectados mais de sete mil cancros por ano. Sensibilizar para esta realidade é mais do que fundamental, é uma questão de vida ou de morte.

As mulheres deverão proceder ao rastreio todos os anos, sobretudo entre os 50 e os 69 anos. Deverão ser disciplinadas e não desvalorizar a importância da mamografia, da ecografia mamária, da vigilância realizada por um ginecologista da sua confiança. Este ano, a iMM-Laço Hub promove diversas iniciativas, o programa é vasto. Além disso, pode doar uma amostra de sangue para ser usado na pesquisa e investigação científica. Para que serve esta doação? Importa perceber cientificamente o que corre mal e quando corre mal; para o efeito, as amostras de pessoas sem cancro são um marcador significativo.

Quem estiver interessado pode doar sangue na Alameda da Universidade, em frente à Aula Magna de Lisboa, até às 21:00.  O programa está disponível aqui.

Espero que sejamos muitos a querer ajudar a comunidade científica. Que possamos colaborar, enquanto sociedade civil, para a descoberta de uma cura, que já tarda.