Arrancaram os tempos de antena das legislativas, ou pelo menos parece
Depois de uma intensa semana com os eventos da crise política a suceder-se, os partidos fizeram as habituais declarações de apoio e de condenação, conforme o caso. Os membros do Governo do PS até têm vindo pedir justiça rápida, mas dentro do partido já se tem só os olhos em março e na possibilidade de se formar Governo outra vez, sem que o caso que corre na justiça cause muita mácula.
Quem na tarde de hoje tiver ligado as televisões no CNN summit teve direito a ouvir o futuro Primeiro-Ministro de Portugal. Não se trata de adivinhação, mas um dos homens dos partidos que as sondagens põem à frente falou. Sim, no PS inclusive dois dos três candidatos à liderança do partido, dois dos melhores colocados ao cargo de Secretário Geral Socialista.
E se durante meses os portugueses se questionaram o que Montenegro faria caso não tivesse votos suficientes para liderar o país, foi preciso uma demissão do Primeiro Ministro para que o social democrata não deixasse dúvidas, só será Primeiro Ministro se for eleito e não fará "coligação com o Chega". Resta saber, se em caso de necessidade, o Chega viabiliza um Governo social democrata, é que muito do oxigénio do partido sem sido o confronto direto com o PS. E depois de afastar a nuvém continuou, "as eleições são um fator positivo, como eu espero mudarmos de Governo e política económica, isso vai ter um reflexo, que é precisamente o país poder perspectivar um nível de crescimento, de pelo menos o dobro".
Das promessas às criticas, houve de tudo um pouco. Desde o papel na cauda da Europa, aos salários baixos, à situação demográfica, mas "o maior drama de todos, em Portugal, é os nosso jovens, e os jovens qualificados, estão a ir aos milhares, todos os anos, em busca de uma oportunidade para outras geografias. O que nos retira de ter uma sociedade com mais equilíbrio".
Mais contido, o ainda ministro que falou nessa condição, José Luís Carneiro deixou avisos e traçou um perfil para o próximo líder que se confunde com o seu. "Necessitamos de experiência, diálogo e moderação". Perfil esse necessário tanto para quem estiver no poder, como para quem perder as eleições. Porque é necessário acabar com a política polarizada, através de "cooperação e diálogo entre partidos".E lembrou que "o mundo não está para aventuras".
Já Pedro Nuno Santos não teve no summit, mas ficou com o lugar de destaque numa entrevista da TVI e da CNN, com direito a duas partes. Onde se começou por distanciar dos pedidos dos seus ex-colegas de Governo, “não sou eu que vou impor prazos” à Justiça, disse. Contudo, confessando que recebeu a notícia das buscas no âmbito da Operação Influencer “com preocupação, porque teve um impacto muito significativo na nossa democracia”.
Mas não se distancia de António Costa, nem o deixa a lutar pelo que acredita ser a sua verdade, diz que António Costa deixa um legado muito importante para o país” e que a interrupção da legislatura não se deve à “situação económica e social” nem a um “descontentamento generalizado” da população. Aproveitando o momento para enlencar a herança que o PS deixa ao país.
Seguro de que sairá vitorioso, as farpas são para Montenegro, e chega a abordar uma possível maioria absoluta numa futura legislatura, dizendo que a discussão deve estar nas medidas e não nas “política de alianças”, considera, porém, que o cenário de não existir uma maioria absoluta é “possível e provável”. Não dizendo se a geringonça da esquerda que ajudou a formar, está outra vez em cima da mesa.
Já sobre a ameaça à direita do Chega afirma que só trabalha num "cenário de vitória do PS" e que o "Chega não é um problema do Partido Socialista". Recorda ainda o acordo do PSD nos Açores com o partido de André Ventura e remata com a afirmação de que "Se se quer derrotar o Chega só há um voto que é no Partido Socialista".
Quanto a José Luís Carneiro diz ter grande consideração pelo socialista "e sei que os militantes do PS também têm", sublinha. Acrescenta ainda que "sempre tive à espera que José Luís Carneiro tivesse muitos apoiantes dentro do partido, como é óbvio, é alguém de quem os militantes gostam e é normal que tenha os apoios que se têm tornado públicos". Moderando assim o tom das últimas considerações em relação ao rival interno.
Rei morto, rei posto. Primeiro Ministro demitido, campanha lançada.