Poeiras do norte de África estão de volta. Porquê e quando vão embora?
O céu tem estado com um tom estranho e os carros são grandes testemunhas do que se passa pela cor amarelada que adquirem: as poeiras estão a afetar a qualidade do ar em todo o país, com níveis muito elevados de concentração de partículas.
Qual a origem das poeiras?
A poluição do ar por partículas inaláveis decorre de uma massa de ar proveniente dos desertos do norte de África, que transporta poeiras em suspensão e está a atravessar Portugal continental desde o dia de ontem.
Estas partículas e poeiras em suspensão, identificáveis pela tonalidade amarelada ou esbranquiçada do céu, podem estar associadas quer a tempo seco, quer à ocorrência de ‘chuva de lamas’ e deixam as superfícies expostas ao ar cobertas de poeiras.
De acordo com o IPMA, estas surgem"após a ocorrência de tempestades" com "ventos fortes que, ao soprarem sobre as superfícies desérticas, levantam do solo as partículas mais leves".
"As poeiras/areias são então transportadas através da circulação atmosférica, podendo atingir o Continente e o Arquipélago da Madeira algumas vezes por ano. Existem indícios que poeiras originadas no Norte de África chegam a atingir as Caraíbas", é ainda explicado.
Até quando vão continuar por cá?
A situação poderá agravar-se em Lisboa, Alentejo e Algarve no domingo, segundo referiu à Lusa Francisco Ferreira, professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que monitoriza diariamente a evolução dos valores registados de qualidade do ar, num projeto com a Agência Portuguesa do Ambiente.
“Quase todas as estações de monitorização da qualidade do ar em Portugal estão com valores muito elevados de concentração de partículas”, explicou, adiantando que se registaram níveis particularmente elevados em zonas como Portimão, Santiago do Cacém, Estarreja e Vila Real.
Contudo, as previsões apontam uma diminuição da concentração de partículas à superfície nas regiões Norte e Centro e, a partir de segunda-feira, prevê-se uma “mudança completa do padrão meteorológico e, à partida, as concentrações voltarão a níveis normais”.
Há implicações para a saúde?
O valor limite diário, para garantir a proteção dos indivíduos à exposição a este poluente, fixa-se em 50 microgramas por metro cúbico, mas nas zonas mais afetadas foram registados níveis perto do dobro.
Neste sentido, a Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou a população para se prevenir contra a situação de fraca qualidade do ar, através de algumas medidas:
- Não fazer esforços prolongados;
- Limitar a atividade física ao ar livre;
- Evitar a exposição a fatores de risco, tais como o fumo do tabaco e o contacto com produtos irritantes;
- Crianças, idosos ou pessoas com problemas respiratórios crónicos e foro vascular “devem, sempre que viável, permanecer no interior dos edifícios e, preferencialmente, com as janelas fechadas”;
- Doentes crónicos devem manter os tratamentos médicos em curso e em caso de agravamento de sintomas ligar para a linha Saúde 24 (808242424).
A circulação de poeiras do norte de África é recorrente?
Tem sido um fenómeno bastante visível nos últimos tempos. Este ano, no final de janeiro, uma massa de ar proveniente dos desertos do norte de África também atravessou Portugal Continental.
O ano passado, as poeiras também circularam, por exemplo, durante fevereiro e agosto.
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