Os dois romances, sobre um irmão e uma irmã, estão interligados e serão publicados nos Estados Unidos com um mês de intervalo: “The Passenger” sairá no dia 25 de outubro e “Stella Maris” será publicado a 22 de novembro, revelou a editora Alfred A. Knopf.
“The Passenger” é um romance sobre “moralidade e ciência” e “o legado do pecado”, que Cormac McCarthy terá começado a escrever há décadas, enquanto “Stella Maris” é uma prequela de “The Passenger”, passada oito anos antes.
A história de “The Passenger” segue os irmãos, Bobby e Alicia Western, que “são atormentados pelo legado do seu pai, um físico que ajudou a desenvolver a bomba atómica, e pelo amor e obsessão de um pelo outro”, escreve o The New York Times.
“Há um acidente de avião, um tesouro de moedas de ouro enterrado no subsolo e escondido em tubos de cobre, um raro violino Amati que desaparece, uma plataforma petrolífera abandonada no meio do oceano, e um carro de corrida italiano apreendido pelo IRS [agência federal norte-americana de cobrança de impostos] – um conto totalmente cativante”, adiantou em comunicado Jenny Jackson, editora de McCarthy na Knopf.
“The Passenger” começa com Bobby, um mergulhador de salvamento que trabalha na Costa do Golfo em 1980, a explorar os destroços de um jato afundado, e a descobrir que a caixa negra, o saco do piloto e um dos passageiros mortos estão todos desaparecidos.
O romance de 400 páginas tem “o ritmo e as voltas de um ‘thriller'”, à medida que Bobby é arrastado para o mistério do acidente, acrescenta o jornal.
“Stella Maris” assinala a estreia de McCarthy com uma protagonista feminina. O romance, de 200 páginas, segue a irmã de Bobby, Alicia, “um prodígio na matemática cujo intelecto assusta as pessoas e cujas alucinações tomam a forma de personagens, com as suas próprias vozes”.
“Há 50 anos que planeio escrever sobre uma mulher. Nunca serei suficientemente competente para o fazer, mas a dada altura é preciso tentar”, afirmou o escritor em 2009, numa entrevista ao Wall Street Journal.
A narrativa desenrola-se inteiramente em diálogo, como uma transcrição, entre Alicia e o seu médico numa instituição psiquiátrica em Wisconsin, em 1972, onde Alicia, uma candidata de 20 anos a um doutoramento em matemática na Universidade de Chicago, recebe um diagnóstico de esquizofrenia paranoide.
“Foi um formato escolhido por Cormac para permitir a Alicia explorar as suas obsessões, que pelo que posso dizer são as obsessões de Cormac”, disse Jenny Jackson, acrescentando que este “é um livro de ideias”.
McCarthy há muito que é fascinado por disciplinas científicas esotéricas, e rodeou-se de especialistas em física teórica e matemática no Instituto de Santa Fé, um instituto de investigação onde é curador e ao qual está ligado há décadas.
Até agora, estes temas raramente foram uma característica proeminente da sua ficção, mas com “The Passenger” e “Stella Maris” o escritor está a investigar mais diretamente questões sobre a intersecção da ciência com a moralidade e os limites do conhecimento humano.
Cormac McCarthy, 88 anos, é conhecido por romances apoalípticos e ‘western’, como “A Estrada”, “Meridiano de Sangue” e “Este país não é para velhos”, publicados em Portugal pela Relógio d’Água, que tem editado a sua obra.
“Este país não é para velhos” foi adaptado ao cinema pelos irmãos Coen e venceu o Óscar de melhor filme em 2008.
Outras distinções de McCarthy incluem o National Book Award e o National Book Critics Circle Award pelo romance “Belos cavalos”.
A Lusa questionou a editora Relógio d’Água sobre a publicação destes dois romances em Portugal, mas até ao momento não obteve resposta.
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