Nesse lote de trabalhos, merece destaque a projeção de obras de Sergei Loznitsa (Ucrânia) e Jafar Panah (Irão), apontados como “dois dos mais interessantes cineastas da atualidade”, pela sua “impressionante sensibilidade para trabalhar a problemática política, social e cultural do seu povo”.

De ambos autores, a organização elegeu os trabalhos “A Night at The Opera” e “Hidden”, que “trazem dois olhares sobre a cultura dos dois países onde as heroínas cantam, questionando noções de representação e interpretação”.

No cartaz preparado para esta edição do Curtas, que, segundo os responsáveis, integra trabalhos “que ligam a diferentes comunidades, formas de estar e de pensar”, também é destacada a obra “Mi piel, luminosa”, de Nicolás Pereda e Gabino Rodríguez.

Trata-se de um documentário onde a personagem central é uma criança posta em isolamento na sala de aula, devido a uma doença que lhe tirou o pigmento natural da pele, e onde Pereda “volta a derreter as fronteiras entre documentário e a ficção”.

Ainda no âmbito dos filmes em estreia neste certame, destaque para “Witness”, do multi-premiado realizador Ali Asgari, “Victor in Paradise”, de Brendan McHugh, “Look Then Below”, de Ben Rivers, “Stump the Guesser”, novo tomo na cinematografia surreal e onírica do canadiano Guy Maddie e, ainda, “Casa Sol”, de Lúcia Prancha, que explora o universo militante da escritora brasileira Hilda Hilst.

Esta edição do Curtas de Vila do Conde, que terá também programação ‘online’, por causa da pandemia de covid-19, vai ter um especial foco na obra do artista espanhol Isaki Lacuesta.

O cineasta, produtor, cenógrafo, ensaísta e curador, “tem um trabalho que faz disparar o diálogo entre o cinema e as mais diferentes áreas artísticas”, afirma a direção do Curtas em comunicado.

O autor de obras como “Entre dos aguas”, exibido em 2019 no IndieLisboa, “The next skin” ou “The Clay Diaries”, ser-lhe-à dedicada a secção “InFocus”, do Curtas, estando prevista ainda a realização da primeira exposição do autor em Portugal, que ficará patente na Solar – Galeria de Arte Cinemática.

Lacuesta estará presente em Vila do Conde para apresentar os seus filmes e participar de uma conferência aberta a jornalistas e público.

Esta 28.ª edição do certame deveria ter ocorrido em julho, mas foi adiada para outubro – entre os dias 03 e 11 -, por causa da pandemia da covid-19.

Segundo a direção, o festival decorrerá no Teatro Municipal de Vila do Conde, no auditório municipal e naquela galeria de arte, mas terá também iniciativas ‘online’ para que “o encontro entre o público e os cineastas possa acontecer de forma segura e próxima”.