Dirigida pelo galerista Rui Freire, o espaço irá ser inaugurado às 18:30, e as exposições ficam patentes ao público de 20 de janeiro até 17 de março, de terça-feira a sábado.
Em novembro, em Paris, Rui Freire tinha indicado, em declarações agência à Lusa, que o espaço, em Lisboa, irá “mostrar coisas que não são vistas regularmente em Portugal e em Paris”,
“Este espaço em Lisboa é um espaço de abertura, experiências novas. É um espaço de experimentação, onde nós podemos mostrar obras de artistas modernos, contemporâneos e outras peças que nos interessam”, explicou Rui Freire, apontando, na altura, por exemplo, peças pré-colombianas e kimonos contemporâneos.
A galeria francesa, fundada em 1925, revelou a pintora portuguesa Maria Helena Vieira da Silva, em Paris, pelo que não é de excluir a apresentação de algumas obras menos vistas da artista e do seu companheiro, o pintor Arpad Szenes.
“Não é impossível mostrar obras da Vieira e do Arpad, sobretudo coisas que não são mostradas regularmente. O objetivo realmente de abrir este espaço é também mostrar coisas que não são vistas regularmente quer em Portugal, quer também aqui em Paris”, acrescentou.
Depois de Vieira da Silva e de Arpad Szenes, a galeria Jeanne Bucher Jaeger “sempre manteve uma ligação com Portugal e com artistas portugueses”, representando, atualmente, Miguel Branco, Rui Moreira e Michael Biberstein.
Com dois espaços de exposição em Paris, um no Marais e outro em Saint-Germain, a ideia de abrir um novo em Lisboa surgiu, não só da ligação histórica a artistas portugueses, mas também devido ao “momento particular” que atravessa Lisboa.
Em Lisboa, a galeria vai ficar situada no número 01 da rua Serpa Pinto, perto do Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, e pretende, também, “criar pontes” entre Lisboa e Paris, entre artistas e colecionadores, e ser ainda “um espaço de encontro” para “a comunidade francesa que se encontra neste momento a viver em Lisboa”.
A exposição inaugural vai mostrar obras de dois artistas ‘naïf’, André Beauchamp e Déchelette, não para “voltar ao passado”, mas para mostrar “uma programação alternativa e diferente” da que é exibida em Paris, “coisas raras, que não se encontram facilmente”.
Com 92 anos, a galeria Jeanne Bucher Jaeger tem sido dirigida pela mesma família há três gerações, e expôs vários nomes das artes dos séculos XX e XXI.
Sob a direção da fundadora Jeanne Bucher, entre 1925 e 1946, foram promovidos os “amigos” Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, mas também nomes como Nicolas de Staël, Hans Reichel, Roger Bissière, Mark Tobey, Jean Dubuffet, Fermin Aguayo e André Bauchant.
André Bauchant, artista autodidata, iniciou-se na pintura aos 46 anos, quando regressou da primeira Grande Guerra, onde começou por pintar pequenos postais que vendia aos seus camaradas soldados.
A sua obra é inspirada pelas leituras que fez sobre a Grécia Antiga, bem como a paisagem, a natureza morta, o retrato, o nu e os grandes temas da mitologia e da antiguidade.
Está representando internacionalmente em coleções privadas e públicas como Peggy Guggenheim, Catesby Jones, o Museu de Arte Moderna (MoMa), em Nova Iorque, o Musée International d’Art Naïf Anatole Jakovsky, em Nice, ou o National Museum of Western Art, em Tóquio.
Por seu turno, Louis-Auguste Déchelette representa cenas quotidianas, de rua ou de campo nas suas pinturas, que demonstram um particular gosto pelo detalhe e introduzem jogos de palavras e trocadilhos.
Déchelette dedicou-se exclusivamente à pintura em 1942, na sequência do bom acolhimento pela crítica da sua primeira exposição, organizada por Jeanne Bucher.
De acordo com a galeria, o núcleo de obras aqui reunidas só é possível graças à “curiosidade e empenho” de Jeanne Bucher, fundadora da galeria em 1925, que desde a primeira hora teve um papel preponderante na divulgação e promoção do trabalho de artistas Naïf.
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