Todas as 155 obras à venda na leiloeira Christie’s, em Nova Iorque, foram arrematadas até ao final, na quinta-feira.

A peça mais valiosa do segundo dia, cujo total de vendas foi de 116 milhões de dólares (113,7 milhões de euros), foi a escultura “Typewriter Eraser, Scale X”, de Claes Oldenburg e Coosje Van Bruggen, arrematada por 8,4 milhões de dólares (8,2 milhões de euros).

O primeiro dia da venda da coleção de Allen já tinha ultrapassado em muito o atual recorde, com os compradores a apresentar rapidamente propostas que superavam o valor estimado de praticamente todas as 60 obras a leilão.

Esta primavera, a coleção particular do casal norte-americano Harry e Linda Macklowe tinha sido vendida por 922 milhões de dólares (919 milhões de euros), ao longo de vários leilões na Sotheby’s.

Entre a coleção de Allen, que abrange cerca de 500 anos de história da arte, as obras mais cobiçadas foram as dos grandes mestres impressionistas. “Les Poseuses, Ensemble”, de Georges Seurat, em 1888, foi vendida por 149,2 milhões de dólares (148,6 milhões de euros), cinco vezes o preço máximo alcançado por obras do artista.

A marca dos 100 milhões de dólares (99,7 milhões de euros) também foi superada por “La Montaigne Sainte-Victoire”, de Cézanne, “Verger avec cyprès”, de Van Gogh, “Maternité II”, de Gauguin, e “Birch Forest”, de Klimt, com novos recordes para obras destes pintores.

“Nunca antes tinham mais de duas pinturas ultrapassado 100 milhões numa única venda, mas esta noite [quarta-feira], vimos cinco”, disse o vice-presidente da Christie’s para arte dos séculos XX e XXI, Max Carter, em comunicado à imprensa.

A leiloeira indicou ainda que “28% das obras por valor foram compradas na noite de quarta-feira por clientes asiáticos”.

O lote integrava mais de 150 obras, incluindo “Small False Start”, do pintor norte-americano Jasper Johns, vendida por 55 milhões de dólares (54,8 milhões de euros) e peças de Monet, Manet, Hockney, Richter e Brueghel, o Jovem.

Todos os lucros da venda serão doados a instituições de caridade.

Paul Allen desenvolveu com Bill Gates o sistema operacional para computadores pessoais que faria o sucesso da Microsoft, fundada em 1975.

Allen, que morreu na sequência de um cancro, em 2018, aos 65 anos, deixou a empresa em 1983, devido a tensões com Bill Gates, que permaneceu no comando até 2000.

Apesar do desentendimento, Allen assinou o compromisso lançado por Gates em 2009, comprometendo-se a doar a maior parte da fortuna.

Com esta venda, o ano de 2022 pode tornar-se no mais lucrativo da história do mercado de arte, depois da venda da coleção Macklowe e do retrato de Marilyn Monroe “Shot Sage Blue Marilyn”, de Andy Warhol, vendido, em maio, por 195 milhões de dólares (194 milhões de euros), um novo recorde para uma obra do século XX.