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Estudos indicam que as mulheres que se masturbam têm maior repertório sexual, fantasiam mais e apresentam maior facilidade de excitação e de atingir o orgasmo, revela Tânia Graça. A masturbação é, antes de mais, uma forma de autoconhecimento. Saber o que dá prazer ajuda a comunicar melhor na relação amorosa e a viver a sexualidade de forma mais consciente e livre.

Ainda assim, o tema continua envolto em tabu. Desde cedo, explica a psicóloga, muitas raparigas recebem mensagens sociais que associam o prazer feminino à vergonha. Ser apanhada a tocar-se pode valer uma repreensão. O resultado? Adultas que reprimem o desejo, sentem culpa ao explorar o próprio corpo e enfrentam, muitas vezes, dificuldades na vida sexual.

Enquanto a masturbação masculina é encarada como natural, a feminina é vista como algo que “não fica bem”. O desejo do homem é validado; o da mulher, escondido.

A masturbação não é apenas prazer, é também saúde. Fisicamente, estimula a contração dos órgãos reprodutores e dos músculos pélvicos, ajudando a prevenir problemas como a incontinência urinária. Durante o orgasmo, o corpo liberta serotonina e outras substâncias associadas ao bem-estar, que melhoram o humor e o sono.

Emocionalmente, aumenta a autoconfiança, fortalece a relação com o próprio corpo e pode melhorar a comunicação e a intimidade nos relacionamentos. Conhecer-se é o primeiro passo para viver o prazer com liberdade.

O prazer nas várias fases da vida

O corpo da mulher muda e o prazer também. Na puberdade, na maternidade ou na menopausa, a sexualidade passa por transformações físicas e hormonais. A masturbação pode ser uma ferramenta poderosa de reconexão, refere a sexóloga, sobretudo na altura da perimenopausa (período de transição que antecede a menopausa, caracterizado por alterações hormonais ).

Durante a gravidez, por exemplo, o desejo pode até aumentar em alguns casos. No pós-parto, quando o cansaço e as mudanças corporais dificultam a intimidade, a masturbação pode ajudar a redescobrir o corpo. Na menopausa, apesar da diminuição dos estrogénios e da lubrificação, é possível, e saudável, continuar a explorar o prazer. O sexo (consigo ou com o outro) não tem prazo de validade.

Em Portugal, cerca de 22% das mulheres afirmam nunca se masturbar, contra 5,6% dos homens. Não é obrigatório fazê-lo, mas é importante perceber o que bloqueia quem não o faz. Vergonha? Culpa? Falta de vontade? Tânia Graça conta que muitas mulheres solteiras relatam até sentimentos de tristeza, por acreditarem que “deviam ter alguém” para partilhar a sexualidade.

Não há uma forma certa de se masturbar, refere a especialista, que na sua conta de Instagram diz ter recebido cerca de 50 formas diferentes. Mãos, imaginação, brinquedos, tudo vale, desde que haja conforto. Vibradores e sugadores de clitóris são hoje aliados de muitas mulheres, e não rivais dos parceiros. Mais de 80% das mulheres precisam de estimulação clitoriana externa para atingir o orgasmo, um dado que ajuda a desmistificar o foco exclusivo na penetração.

Consentimento, educação e mitos 

Explorar o próprio corpo dá uma consciência mais clara dos limites. Saber o que se gosta, e o que não se gosta, fortalece a capacidade de dizer “não”. O consentimento é a base de qualquer relação saudável: ceder não é consentir.

Questionada sobre os mitos, a psicóloga sexóloga diz que os mais comuns são: “a masturbação é feia ou suja” ou “quem se masturba muito deixa de querer relações”. Nenhum deles tem fundamento. Só há problema quando o comportamento se torna compulsivo e interfere com o bem-estar.

A pornografia, por outro lado, tem tido um papel controverso: ao mesmo tempo que democratiza o acesso a informação sexual, transmite, muitas vezes, visões distorcidas, centradas no prazer masculino e em dinâmicas pouco realistas. Aqui entra o papel da educação e de consumir este tipo de conteúdo diferente, pois "aquilo que ali está representado não é uma relação sexual", afirma.

Mais de metade das mulheres admite fingir orgasmos, por não querer desagradar ao parceiro, para “acabar depressa” ou para não parecer “esquisita”. Mas fingir é dizer ao corpo que o prazer não importa. Uma boa relação sexual não é sobre performance, é sobre presença.

O segundo episódio “Não fica bem falar de ciclo”, terá como especialista a educadora menstrual Patrícia Lemos, para desmistificar o ciclo menstrual, explorando as suas diferentes fases e o impacto no quotidiano das mulheres, oferecendo conclusões valiosas e orientações úteis.

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