O editor-chefe da revista disse que encontrou a história de Truman Capote, “Another Day in Paradise” (‘Mais Um Dia no Paraíso’) na biblioteca do Congresso, o parlamento dos Estados Unidos, dentro de “um velho caderno de estilo florentino, de capa vermelha e dourada”.

Num editorial, Andrew Gulli disse que o texto, escrito à mão e a lápis, era tão difícil de ler que foi necessário contratar um especialista para preparar a publicação na revista, conhecida por publicar obras raras de escritores como Ernest Hemingway e John Steinbeck.

Capote tinha cerca de 20 anos e era uma estrela em ascensão quando se mudou da cidade de Nova Iorque para Taormina, na Sicília, em 1950, onde viveu numa casa pitoresca, chamada Fontana Vecchia, outrora ocupada pelo escritor britânico D.H. Lawrence.

O escritor iria mais tarde descrever a mudança para a Europa como uma fuga necessária da cena literária americana, que ele comparou a viver dentro de uma lâmpada, e falar da Sicília como um cenário ideal para trabalhar.

O biógrafo de Capote, Gerard Clarke, diz que o autor se mudou para a Sicília em parte porque o seu parceiro, Jack Dunphy, queria morar no estrangeiro e porque o forte dólar norte-americano tornou a Itália mais acessível do que Nova Iorque.

O autor do livro “Understanding Truman Capote” (‘Conhecer Truman Capote’) disse que a estadia de pouco mais de um ano na Sicília o deixou com o sentimento que muitos autores têm quando estão longe dos seus países: uma crescente noção da distância.

Mas também, acrescentou Thomas Fahy, uma maior clareza, que ele usou mais tarde para escrever obras como A Harpa de Ervas e as suas memórias da infância em Monroeville, no estado de Alabama.

“Another Day in Paradise” fala de Iris Greentree, uma herdeira norte-americana de meia-idade que usa a herança da mãe para comprar uma casa na Sicília, mas acaba traída por um homem local e demasiado pobre para sequer poder regressar aos Estados Unidos.

Embora grande parte da ficção de Capote tenha como palco Nova Iorque ou o sul dos Estados Unidos, esta obra partilha o ritmo, o humor às vezes cruel dos seus livros mais conhecidos, e os temas de solidão, medo e arrependimento, disse Thomas Fahy.

O autor diz que Capote provavelmente se relacionou com a sensação de deslocamento e alienação de Iris Greentree.

“Ele estava constantemente a mudar de um lado para o outro quando era criança, de Nova Orleães para o Alabama, de Nova Iorque para Connecticut”, diz Fahy. “É possível ver como a vida dele se tornou muito solitária e isolada”, acrescentou.