Pelo terceiro dia consecutivo em protestos em Lisboa, os empresários, depois de terem estado na terça-feira junto ao Infarmed, onde decorreu a reunião de peritos, e na quarta-feira no Ministério da Economia, juntaram-se hoje na Ajuda na expectativa de terem como resposta uma data para reabertura.

“Como estamos na mesma categoria dos parques aquáticos, que já tiveram autorização do Governo para reabrir, esperamos começar também a trabalhar. Não percebemos porquê o Governo não nos autoriza”, disse em declarações à agência Lusa, Saul Teixeira.

O também vice-presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC) reiterou que o setor teve “mais de 50 reuniões, mas, no fundo, só houve promessas”, quando questionado sobre as declarações do ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, que na quarta-feira admitiu alargar o funcionamento das atividades económicas.

“Não é a primeira vez que ouvimos aquele tipo de declarações, como também não é a primeira vez que ouvimos aquele tipo de declarações e ao mesmo tempo percebemos que não são dirigidas a nós, são dirigidas a vários setores, mas não a nós, ficamos no esquecimento”, retorquiu.

Saul Teixeira admitiu “não confiar” nas promessas dos políticos, apesar do diálogo que as quatro associações têm vindo a fazer junto do Governo no último ano, mas lembra que o problema do setor está a ser “empurrado todas as semanas”.

“É sempre para a próxima quinta-feira [dia de reunião de Conselho de Ministros onde são decididas medidas de restrição ou abertura devido à pandemia], não pode continuar assim, tenho colegas meus a passarem-se da cabeça e dizem que mais cedo ou mais tarde vão arruinar a vida”, alertou.

O responsável acrescentou que existem companheiros que têm os equipamentos a enferrujar por não trabalharem há perto de dois anos e que estão na disposição de os trazerem para Lisboa, colocarem-nos à frente da Assembleia da República e incendiá-los.

Saul Teixeira alertou ainda que a autorização por parte do Governo para o setor recomeçar a atividade pode vir associada a um “desde que”, confessando não acreditar que saia do Conselho de Ministro só: “a atividade itinerante pode laborar, ponto final”.

“Aí é que está. Depois do ponto final vem sempre o ‘desde que’. É com controlo de funcionamento muito grande. Se quisermos fazer uma feira tem de ser num recinto fechado, não pode estar aberto e temos de o vedar, só conseguimos instalar entre oito e 10 operadores e isso é muito mínimo para a quantidade de pessoas que está a precisar de trabalhar”, acrescentou.

O responsável lembrou também que, no ano passado, só “5% do setor conseguiu trabalhar, enquanto os outros 95% ficaram em casa”.

Os profissionais de diversão itinerante englobam carrosséis, jogos e restauração itinerante, juntando cerca de duas mil pessoas, muitas delas famílias que dependem somente desta atividade para viver, explicou Saul Teixeira.

Contactada pela Lusa, fonte do Ministério da Economia referiu apenas que o Governo continua disponível para dialogar com as associações do setor.

No início de maio, em mais um protesto em período de pandemia — o primeiro que reuniu as três associações representativas do setor –, empresários da diversão itinerante concentraram-se em Lisboa para pedir a retoma urgente da atividade, prometendo funcionar com protocolos de segurança.

Acusando o Governo de negligência, a Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC) explicou que já estavam a ser assinados contratos com os municípios para recomeçarem a laborar, mas, recordou, estavam a ser bloqueados pela tutela.

Em 13 de maio, a atividade de diversão itinerante e os parques infantis e aquáticos privados foram autorizados a entrar em funcionamento nos concelhos do continente incluídos no nível mais avançado do plano de desconfinamento.

No entanto, no Conselho de Ministros realizado em 01 de julho, o governo determinou o encerramento dos parques e equipamentos de diversão em municípios de risco elevado.