“A União Europeia (UE) tem dito […] que não se verifica até ao momento nenhum incumprimento do lado do Irão e, por isso mesmo, temos apelado às autoridades iranianas para não incumprirem agora”, disse Augusto Santos Silva à imprensa à margem de uma conferência em Lisboa.

Questionado sobre a proximidade da data dada pelo Irão às potências que se mantêm no acordo para que encontrem forma de contornar as sanções dos Estados Unidos, que se retiraram unilateralmente do acordo, o ministro advertiu todas as partes para o risco de atitudes precipitadas.

“A UE criou um mecanismo que está em implementação. É preciso todas as partes no Golfo terem a consciência de que, em muitas das situações criticas, a História mostra-nos que houve erros de cálculo no começo que depois desencadearam processos que as partes deixaram de poder controlar”, afirmou, sublinhando que “é preciso evitar a todo o custo essa situação”.

Questionado sobre se referia a comportamentos do regime iraniano, Santos Silva disse que sim, mas também dos ataques a dois petroleiros.

“Cuja autoria não conseguimos ainda determinar”, salientou.

Dois petroleiros, um norueguês e outro japonês, foram alvo de ataques no estreito de Ormuz, a 13 de junho, ataques que os Estados Unidos atribuíram ao Irão, que nega qualquer envolvimento.

“O que é preciso é tentar evitar a escalada”, insistiu, sublinhando que “os Estados Unidos contribuíram para essa contenção quando decidiram não retaliar algo que eles consideram ser um ataque iraniano a petroleiros internacionais”.

Santos Silva reiterou que Portugal defende “uma investigação independente” àqueles “gravíssimos incidentes”.

O acordo nuclear internacional de 2015 foi assinado entre o Irão e os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança – Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China – mais a Alemanha), mas Washington retirou-se unilateralmente do acordo em maio de 2018 e voltou a impor fortes sanções económicas ao Irão.

Os europeus, a China e a Rússia mantêm o seu compromisso em relação ao acordo, mas até agora, devido às sanções dos Estados Unidos, não têm sido capazes de permitir que o Irão beneficie das vantagens económicas com que contava.