Este incidente aconteceu em frente à sede do BE, na Rua da Palma, em Lisboa, onde militantes e apoiantes deste partido se concentraram antes da manifestação da CGTP começar, com uma faixa onde se lia: "40 anos de descontos – Reforma por inteiro. Justiça para quem trabalha. Trabalho para quem precisa".

Quando a manifestação arrancou, Catarina Martins foi dali a pé até ao início do cortejo para cumprimentar o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, e os dois trocaram algumas palavras, com a comunicação social disposta num círculo à sua volta.

Depois, a coordenadora do BE acabou por falar ali mesmo aos jornalistas sobre o Dia do Trabalhador, com Arménio Carlos atrás de si, travando por um ou dois minutos o avanço do desfile.

"Com precariedade não há democracia, não há valorização salarial. Respeitar quem trabalha é garantir um vínculo permanente a todas as pessoas que ocupam um posto de trabalho permanente", afirmou Catarina Martins, concluindo as declarações já em movimento.

Segundo os relatos à agência Lusa, foi nesta altura que, nas costas da comunicação social, na ala direita do cortejo, dois ou três membros da organização afastaram com encontrões militantes e apoiantes do BE que estavam naquele lado da estrada.

Houve quem tivesse caído ao chão com a força dos empurrões.

A agência Lusa testemunhou a reação da militante do BE Julieta Rocha, que foi quem mais se exaltou com a situação, dirigindo-se para um dos membros da organização e gritando: "Sectário".

A antiga deputada Helena Pinto também correu indignada em direção de um homem que fazia a segurança do cortejo. As duas foram depois amparadas e acalmadas por outros militantes do BE.

Nas declarações que fez aos jornalistas junto ao início do cortejo, a coordenadora do BE apoiou a reivindicação da CGTP de "valorização salarial", considerando que "é uma exigência justa num país que é muito desigual e com salários muito baixos".

Questionada sobre a evolução do salário mínimo nacional, atualmente nos 580 euros e que o Governo prevê aumentar para 600 euros no próximo ano, Catarina Martins começou por salientar que "o salário mínimo vai seguramente aumentar em 2019".

"Achamos que o salário mínimo já devia estar nos 600 euros, mas fizemos um acordo que obriga a que o salário mínimo suba, no mínimo, 5% até chegar aos 600 euros. Devia ser mais do que isso, porque temos um dos salários mínimos mais baixos da Europa", acrescentou.

Neste Dia do Trabalhador, a coordenadora do BE destacou como bandeira "a luta contra a precariedade", no setor público e no privado, referindo que "Portugal é o país com mais prevalência de contratos a prazo de toda a União Europeia", o que qualificou de "uma verdadeira vergonha, uma calamidade".

"Estamos a lutar por alterações legislativas nos contratos a prazo, para combater a precariedade no privado. Temos em curso um processo de regularização de precários da Administração Pública, pelo qual o BE tem lutado. Esse é o nosso compromisso, não abdicamos dele", disse.