Na votação, o secretário-geral da ONU, o português António Guterres, protagonista de apelos à paz e ao cessar-fogo no conflito entre os israelitas e o grupo islamita Hamas, considerado terrorista pela União Europeia, Estados Unidos e Israel, é o eleito para a figura internacional, enquanto a escolha para figura nacional distinguiu a dupla de protagonistas da crise política, António Costa, o primeiro-ministro que se demitiu em novembro, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que convocou eleições antecipadas para 10 de março de 2024.

Pelo segundo ano consecutivo, na Lusofonia, o Brasil dominou as escolhas dos jornalistas da agência, que elegeram como acontecimento de 2023 o ataque aos três poderes, em Brasília, em que, escassos dias após a sua posse, milhares de pessoas reclamaram a demissão do Presidente brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva, que volta a ser figura nesta área.

Nestas escolhas participaram 76 jornalistas da agência e 61 votaram na crise política para o acontecimento nacional, seguindo-se, com oito votos, a Jornada Mundial de Juventude (JMJ), em agosto, em Lisboa, e o caso dos abusos sexuais da Igreja, com sete votos.

António Guterres foi votado personalidade internacional por 57 jornalistas, seguindo-se Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro isrealita, e Pedro Sanchez, líder do PSOE que conseguiu voltar ao poder em Espanha, com nove votos cada, e a resistência das mulhares iranianas recebeu um voto.

Já António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa receberam 41 votos como dupla de figuras do ano a nível nacional, com 41 votos, seguidos do primeiro-ministro demissionário (21 votos), o cardeal Américo Aguiar, que esteve à frente da organização da JMJ (cinco votos), e o ex-ministro João Galamba e o Presidente da República (quatro votos cada um).

Nos acontecimentos internacionais, a guerra Israel-Hamas foi a escolha de 75 jornalistas.

Na Lusofonia, Luís Inácio Lula da Silva, que regressou à Presidência do Brasil, foi escolhido por 47 jornalistas, personalidade de 2023, à frente do 'rapper' Azagaia, músico de intervenção moçambicano cuja morte originou manifestações em Moçambique e Portugal, com 14 votos, e de Domingos Simões Pereira, do PAIGC, que liderou uma coligação vencedora que obteve maioria absoluta nas eleições na Guiné-BIssau, com 11 votos.

Quanto aos acontecimentos, o chamado ataque aos três poderes em Brasília, com que apoiantes de Jair Bolsonaro exigiam a intervenção das forças armadas e a demissão de Lula da Silva, que tomara posse dias antes, obteve 64 votos, seguido pelas eleições que ditaram a vitória da coligação coligação PAI – Terra Ranka, liderada pelo PAIGC, com cinco votos, e pelas manifestações em Moçambique que fizeram dois mortos, e que se seguiram às eleições autárquicas contestadas pela oposição.

A lista de temas em votação resultou do debate entre a Direção de Informação e os editores da agência. A votação, por email, decorreu entre 23 de novembro e 05 de dezembro.

Desde 2016 que os jornalistas escolhem os acontecimentos e figuras do ano nacionais, internacionais e na lusofonia.

A Lusa divulga hoje textos sobre os acontecimentos e personalidades de 2023, resultado das escolhas dos jornalistas da Lusa.

O ano da queda do Governo de maioria absoluta PS e da crise com eleições antecipadas

A crise política aberta com a demissão do Governo de maioria absoluta do PS, na sequência de uma investigação judicial que envolve o próprio primeiro-ministro, foi eleita o acontecimento nacional de 2023 pelos jornalistas da agência Lusa.

No dia 07 de novembro, pela primeira vez na história da democracia portuguesa, houve buscas na residência oficial do primeiro-ministro, concretamente na sala de trabalho do seu então chefe de gabinete Vítor Escária, no âmbito de uma investigação judicial sobre a instalação de um centro de dados em Sines e negócios de lítio e hidrogénio.

Horas depois de terem sido noticiadas as buscas, um comunicado da Procuradoria-Geral da República informou, no último parágrafo, que o primeiro-ministro, António Costa, era alvo de um inquérito autónomo instaurado no Supremo Tribunal de Justiça a partir dessa investigação.

Numa comunicação ao país, António Costa, declarou-se de "cabeça erguida" e "consciência tranquila", mas defendeu que "a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal".

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aceitou de imediato o pedido de demissão e, após ouvir os partidos com assento parlamentar e o Conselho de Estado, anunciou em 09 de novembro que irá dissolver o parlamento e marcar eleições legislativas antecipadas para 10 de março.

No dia seguinte à demissão do primeiro-ministro soube-se que nas buscas realizadas ao gabinete de Vítor Escária foram encontrados mais de 75 mil euros em numerário, o que levou o líder do executivo a demiti-lo e, numa segunda comunicação ao país, em 10 de novembro, afirmar que estava envergonhado e pedir desculpa aos portugueses.

Nessa mesma ocasião, demarcou-se também do advogado e antigo secretário de Estado Diogo Lacerda Machado, muitas vezes caracterizado como o seu “melhor amigo” e que, tal como Vítor Escária, foi um dos detidos para interrogatório no âmbito desta investigação judicial, conhecida como “Operação Influencer”.

António Costa alegou que um primeiro-ministro não tem amigos e frisou que o advogado Lacerda Machado nunca atuou com o seu mandato no projeto para a construção do Data Center de Sines.

A operação do Ministério Público que conduziu ao derrube do Governo envolveu 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório: o presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, além de Diogo Lacerda Machado e Vítor Escária. Todos saíram em liberdade, ao contrário do que requerera o Ministério Público junto do juiz de instrução criminal.

Ainda no âmbito desta operação, foi constituído arguido o então ministro das Infraestruturas, João Galamba, que foi exonerado do Governo em 13 de novembro, tendo António Costa assumido diretamente esta pasta governativa.

No plano político, António Costa esclareceu logo no dia em que se demitiu que não se recandidataria às funções de primeiro-ministro nas legislativas de 10 de março e adiantou mais tarde que só voltará a exercer um cargo público quando o seu processo judicial estiver resolvido.

O PS marcou eleições internas diretas para a sucessão de António Costa no cargo de secretário-geral para esta sexta-feira e sábado, às quais concorrem o atual ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, o deputado e ex-ministro Pedro Nuno Santos e o dirigente socialista Daniel Adrião.

Marcelo e Costa em divergência no ano que ditou o fim da coabitação

Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa foram eleitos como dupla pelos jornalistas da agência Lusa personalidades nacionais de 2023, ano em que estiveram publicamente em divergência e que ditou o fim da sua coabitação.

Como Presidente da República e primeiro-ministro, marcaram em conjunto os últimos oito anos de vida política do país, desde 2016, e poderiam ter coincidido nos respetivos cargos até 2026, ultrapassando em longevidade a convivência institucional entre Mário Soares e Cavaco Silva.

O horizonte da atual legislatura, em que o PS tem maioria absoluta, foi encurtado na sequência da demissão do primeiro-ministro, em 07 de novembro, com a dissolução do parlamento, decidida pelo chefe de Estado dois dias depois, e a convocação de legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.

"Fechou-se um ciclo da história portuguesa", comentou Marcelo Rebelo de Sousa. António Costa anunciou o seu afastamento de cargos públicos até ao desfecho do inquérito judicial de que é alvo, sem excluir um regresso num futuro mais distante: "Logo veremos se ainda há tempo para a política."

No primeiro mandato, o Presidente cooperou com uma solução inédita de governação minoritária do PS apoiada pelos partidos mais à esquerda no parlamento, com quem teve, nas suas palavras, uma "coabitação especial", o que lhe valeu críticas da sua área política e do partido a que em tempos presidiu, o PSD.

Marcelo foi reeleito em 2021, numas presidenciais em que o PS oficialmente não tomou partido, mas destacados socialistas o apoiaram e Costa manifestou antecipadamente a vontade de que a cooperação entre ambos prosseguisse.

Em 2022, o quadro político mudou, em resultado da dissolução do parlamento, perante o chumbo do Orçamento do Estado. Desfeita a "Geringonça", o PS venceu com maioria absoluta as legislativas antecipadas de 30 de janeiro.

O Presidente assumiu um papel mais vigilante e exigente. Na posse do Governo, em 30 de março, avisou o primeiro-ministro que a sua saída a meio da legislatura provavelmente levaria a nova dissolução, e foi repetindo que não abdicava desse poder.

Sucessivos casos polémicos provocaram demissões e remodelações, com destaque para o relacionado com a TAP, objeto de uma comissão parlamentar de inquérito. Em março de 2023, Marcelo apontava ao executivo "um ano praticamente perdido" e "uma maioria cansada".

Em maio, Presidente e primeiro-ministro divergiram em público por causa da continuidade de João Galamba no Governo após incidentes no Ministério das Infraestruturas.

Passados seis meses, o país amanheceu com a notícia de buscas na residência oficial de São Bento e em vários gabinetes do Governo, que visavam, entre outros, o então chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, e também o ministro João Galamba, que viria a demitir-se.

Nessa manhã de 07 de novembro, o primeiro-ministro foi ao Palácio de Belém, depois Marcelo recebeu a procuradora-geral da República, Lucília Gago, e de seguida novamente o primeiro-ministro, numa breve audiência. Regressado de Belém, Costa comunicou ao país o seu pedido de demissão, de imediato aceite pelo chefe de Estado.

Entretanto, o Ministério Público tinha divulgado estar em causa uma investigação sobre projetos de hidrogénio e lítio e de um centro de dados, a partir da qual instaurou um inquérito autónomo junto do Supremo Tribunal de Justiça ao primeiro-ministro.

O Conselho de Estado dividiu-se quanto à dissolução. O primeiro-ministro sugeriu a nomeação de um novo Governo chefiado, por exemplo, pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, opção que o Presidente rejeitou.

Houve ainda atrito entre Marcelo e Costa sobre a ida da procuradora-geral a Belém e o sigilo do Conselho de Estado.

O Presidente da República prometeu "apagar-se" até às eleições, mas termina o ano no centro das atenções mediáticas, envolvido no caso de duas gémeas luso-brasileiras que vieram a ser tratadas no Hospital de Santa Maria com um dos medicamentos mais caros do mercado.

Guerra entre Hamas e Israel volta a inflamar o Médio Oriente e o mundo

 O ataque sem precedentes do Hamas contra Israel e a devastadora retaliação israelita na Faixa de Gaza reacenderam a guerra no Médio Oriente, com milhares de mortes civis já registados e uma frágil trégua negociada entretanto quebrada.

Às primeiras horas de 07 de outubro, três mil combatentes do Hamas infiltram-se no sul de Israel, atacando em simultâneo o território israelita com milhares de ‘rockets’ e ‘drones’ (aparelhos não tripulados).

Quase sem resistência, os homens do Hamas massacraram comunidades (‘kibutz’) localizadas perto do pequeno enclave de Gaza e irromperam pelo recinto de um festival de música, transmitindo ‘online’ o seu desfile de violência e crueldade, que deixou, segundo as autoridades israelitas, 1.200 mortos e mais de 240 reféns levados para a Faixa de Gaza.

Os israelitas despertaram naquele sábado de Shabat (“Sábado de paz”, é o dia sagrado para os judeus) em choque e incrédulos com o maior ataque de sempre no seu solo e com o clamoroso falhanço das forças de segurança e do já débil Governo radical de Benjamin Netanyahu, que no mesmo dia lançou a operação “Espada de Ferro” com três objetivos: garantir a segurança de Israel, recuperar os reféns e exterminar o Hamas.

A intensidade dos raides aéreos israelitas, a que seguiu uma invasão terrestre, confirmou a superioridade militar de Israel, mas evidenciou em simultâneo uma campanha demolidora e sangrenta sem poupar escolas e hospitais lotados com doentes e deslocados, que Telavive argumentava que serviam de escudos humanos.

No terreno, palestinianos desesperados denunciavam um território sitiado e em privação de comida, água, medicamentos, comunicações e combustível, um quadro também testemunhado por organizações humanitárias e pelas próprias Nações Unidas.

“Gaza é um cemitério de crianças”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, cuja imparcialidade é questionada por Telavive, que já exigiu a demissão do líder da organização multilateral.

Até ao início de dezembro, as autoridades locais contabilizavam mais de 17 mil mortos, 70% dos quais mulheres e menores, sete mil desaparecidos e cerca de 1,9 milhões de deslocados, tendo as vítimas civis ultrapassado só em dois meses o número estimado em quase dois anos de guerra na Ucrânia, entretanto colocada em segundo plano.

A brutalidade do conflito ultrapassou fronteiras em manifestações de sinal contrário em todo o mundo e frequentemente acompanhadas de expressões antissemitas ou islamofóbicas, a par das movimentações diplomáticas das principais potências, a começar pelos Estados Unidos, maior aliado de Telavive, e dos atores regionais no mundo árabe, Turquia e Irão e ainda as milícias do chamada “Eixo da Resistência”, incluindo o grupo xiita libanês Hezbollah e os iemenitas Huthis, que visam regularmente Israel com os seus ‘drones’ e mísseis.

A pressão internacional conduziu a uma trégua entre Israel e Hamas de quatro dias renováveis até dez, com início em 24 de novembro, mas que durou apenas uma semana. Nesse período, o acordo, mediado por Qatar, Egito e Estados Unidos, permitiu a libertação de 105 reféns israelitas e estrangeiros em troca de 240 prisioneiros palestinianos, todos mulheres e menores, e a entrada de ajuda humanitária em Gaza.

No primeiro dia de dezembro, o panorama voltou à casa de partida, com as forças israelitas a alargarem a sua ofensiva para a zona sul de um território “à beira do colapso”, segundo a Organização Mundial da Saúde, com os números de vítimas sempre a subir e que levaram Guterres a invocar o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas (pela primeira vez desde que assumiu a liderança da organização em 2017), o instrumento diplomático mais poderoso à disposição de um secretário-geral da ONU.

Este artigo, que consiste numa chamada de atenção ao Conselho de Segurança, foi usado apenas três vezes (1960, 1979 e 1989) em toda a história da ONU.

Com 2023 a chegar ao fim, o conflito traz incógnitas sobre o seu desfecho e o destino dos 138 reféns ainda em cativeiro, o futuro da Faixa de Gaza, do Hamas e do próprio Netanyahu, além da questão de fundo sobre o estatuto da Palestina.

António Guterres, o "rosto" dos apelos ao cessar-fogo em Gaza

Com a invasão da Faixa de Gaza por Israel, em resposta ao ataque surpresa do movimento islamita Hamas a Israel, António Guterres tornou-se o "rosto" dos apelos a um cessar-fogo e preservação de vidas humanas no enclave palestiniano.

As críticas do secretário-geral da ONU – eleito personalidade internacional de 2023 pelos jornalistas da Lusa - às políticas israelitas para os territórios palestinianos ocupados levaram Israel a pedir a sua demissão, mas também trouxeram fortes apoios da parte de outros países, incluindo de parceiros europeus de Telavive, caso de Portugal.

O ataque sem precedentes de 07 de outubro do grupo islamita palestiniano Hamas a Israel, marcado pela morte de 1.200 pessoas, e a implacável resposta das forças israelitas na Faixa de Gaza voltaram a colocar os olhares internacionais na ONU e em Guterres que transmitiu, quase diariamente e ao longo dos últimos dois meses de conflito, apelos para um cessar-fogo urgente e imediato, mas também alertas de uma iminente “catástrofe humanitária”.

O secretário-geral das Nações Unidas afirmou que a guerra entre Israel e o Hamas transformou Gaza "num cemitério de crianças" palestinianas e, numa reunião do Conselho de Segurança da ONU em outubro, disse que os ataques do grupo islamita "não vieram do nada", lembrando que os palestinianos foram "sujeitos a 56 anos de ocupação sufocante".

Estas declarações desencadearam duras críticas de Israel a Guterres. O Governo israelita pediu a sua demissão do cargo de secretário-geral da ONU por considerar que defendeu e justificou as ações do Hamas, um grupo considerado terrorista por Telavive, mas também pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

Após as críticas israelitas, seguiu-se uma onda de apoio ao secretário-geral, não apenas no seio das Nações Unidas, mas também de várias organizações internacionais e de Governos à escala mundial.

Perante a degradação da situação humanitária em Gaza, da recente quebra de uma trégua e do intensificar da ofensiva israelita no pequeno enclave palestiniano, António Guterres decidiu usar o instrumento diplomático mais poderoso que tem a sua disposição.

Pela primeira vez desde que assumiu a liderança da ONU, em 2017, invocou na semana passada o artigo 99.º da Carta das Nações Unidas que afirma que o secretário-geral "pode chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que, na sua opinião, possa ameaçar a manutenção da paz e segurança no mundo".

Face à magnitude da perda de vidas humanas em Gaza e em Israel num tão curto espaço de tempo, Guterres enviou uma carta inédita ao Conselho de Segurança, na qual pedia que se evitasse uma catástrofe humanitária em Gaza, reiterando os apelos por um cessar-fogo que trave "implicações potencialmente irreversíveis" para os palestinianos.

Tal iniciativa resultou em novas críticas de Israel, que acusou o secretário-geral de "um novo nível de baixeza moral" por pedir um cessar-fogo em Gaza e avaliou o seu mandato como “um perigo para a paz mundial".

No seguimento do apelo inédito de Guterres, o Conselho de Segurança reuniu-se na passada sexta-feira, mas os Estados Unidos (um dos membros permanentes do órgão e com poder de veto) vetaram um projeto de resolução que exigia um cessar-fogo humanitário imediato.

Mas outros factos, decisões e declarações marcaram o mais recente percurso de Guterres, um ex-primeiro-ministro português e um antigo Alto-comissário da ONU para os Refugiados que enquanto secretário-geral da ONU traçou como prioridades a emergência climática, a promoção da igualdade de género, o alcançar reformas institucionais ambiciosas, o desenvolvimento sustentável, os direitos humanos e a ajuda humanitária.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro de 2022, mostrou ser um teste não só aos alicerces da ONU, como também ao mandato do próprio secretário-geral, que foi várias vezes acusado de “passividade” em tomar medidas concretas para travar a guerra e de ser muito complacente com os russos.

Assegurando que não trabalha "para brilhar" na imprensa, Guterres desempenhou um importante papel na troca de prisioneiros em Mariupol e direcionou os seus esforços para a concretização do Acordo dos Cereais do Mar Negro (entretanto sem efeito), para a exportação de cereais e fertilizantes ucranianos e russos para os mercados globais, contribuindo para a redução dos preços dos alimentos à escala global.

Recentemente, antes de voar até ao Dubai para a 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), António Guterres fez um novo alerta perante a possibilidade de um "desastre total", caso a temperatura global aumente. Mas também deixou críticas, ao defender que há falta de vontade política para acelerar o combate às alterações climáticas.